Folha de S. Paulo


Série de ataques violentos deixa pelo menos 79 mortos no Iraque

Uma série de ataques violentos contra xiitas e alvos do governo do primeiro-ministro Nouri al Maliki deixou pelo menos 79 mortos nas últimas 24 horas no Iraque. As explosões acontecem após uma semana violenta que terminou com mais de 150 mortos.

Os ataques com homens armados e bombas acontecem em meio ao aumento do confronto entre o governo de Maliki, que é xiita, e os sunitas, minoria que controlava o poder na ditadura de Saddam Hussein (1979-2003). Em meio aos protestos, grupos armados agem para tentar retomar o controle do país.

Nesta segunda, mais bairros xiitas foram atingidos pelos ataques. A situação mais grave é a da capital Bagdá, em que 29 pessoas morreram em diferentes explosões em seis bairros da cidade. O ataque mais mortal foi em um mercado do bairro de Kamaliya, em que sete pessoas morreram após a explosão de um carro-bomba.

Outras 22 pessoas terminaram mortas em outras explosões menores nos bairros de Ilaam, Diyala Bridge, Surta e Cidade Sadr, todas elas áreas de grande concentração de xiitas. A região é a mesma onde um outro atentado matou 23 pessoas na quinta (16).

Em Basra, a 560 km de Bagdá, onde nove pessoas morreram e 35 ficaram feridas após a explosão de dois carros-bomba perto de uma barraca de lanches na hora do almoço. Na mesma cidade, outras cinco pessoas morreram devido à detonação de outro explosivo em um terminal de ônibus.

Na noite de domingo (19), homens armados mataram 22 policiais na Província de Anbar, no oeste do país, que tem maioria sunita. Doze deles haviam sido sequestrados por criminosos no sábado durante operação na cidade de Ramadi.

A 120 km dali, outros dez policiais foram baleados e mortos dentro de um posto de controle que foi alvejado pelos criminosos. Nenhum grupo assumiu a autoria dos ataques até o momento, mas a principal suspeita é de associação com movimentos radicais sunitas, como a rede terrorista Al Qaeda.

VIOLÊNCIA

A violência no Iraque diminuiu desde seu período de auge, entre 2006 e 2007. No entanto, dez anos após o início da invasão dirigida pelos Estados Unidos, os ataques continuam sendo comuns, em especial após o fim da ocupação americana, em dezembro de 2011.

Três dias após as tropas ocidentais saírem do país, a Justiça iraquiana emitiu uma ordem de prisão contra o vice-presidente Tariq al-Hashemi, que é sunita. Os integrantes da seita afirmam que a perseguição ao político foi ordenada pelo primeiro-ministro Nouri al-Maliki, xiita.

Desde então, aumentaram os ataques e a troca de agressões entre os dois grupos. Além deles, sunitas e xiitas ainda disputam territórios do norte do país com os curdos, que possuem uma região autônoma rica em petróleo e outros recursos naturais.

A tensão com os curdos deve aumentar nos próximos meses com a chegada de integrantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, em curdo), milicianos separatistas que atuavam na Turquia e decidiram ir ao Iraque.

Outro ponto que também contribui para a violência sectária é o confronto na vizinha Síria, que já dura dois anos e provocou o deslocamento de diversos grupos radicais sunitas para combater o regime de Bashar al-Assad, que é alauita, vertente do xiismo.


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