Folha de S. Paulo


Dupla explosão em mesquita sunita mata ao menos 43 no Iraque

Pelo menos 43 pessoas morreram nesta sexta-feira em uma dupla explosão em frente a uma mesquita sunita de Baquba, a 50 km de Bagdá, no Iraque. O atentado, que aconteceu na saída das orações do dia sagrado do islamismo, é mais uma ação dentro do conflito sectário iraquiano.

Segundo as autoridades locais, outras 60 pessoas ficaram feridas no ataque duplo, que começou com uma primeira explosão de um primeiro carro-bomba contra o templo. Fiéis e moradores da região tentavam socorrer as vítimas quando um segundo artefato foi detonado.

Reuters
Fiéis e moradores de Baquba observam destruição causada por dupla explosão ao lado de mesquita, que deixou 43 mortos
Fiéis e moradores de Baquba observam destruição causada por dupla explosão ao lado de mesquita, que deixou 43 mortos

As duas explosões fizeram com que os corpos das vítimas fossem arremessados para a rua. Horas depois, mais oito pessoas morreram e 25 ficaram feridas em outra explosão em funeral de um sunita em Madain, ao sul de Bagdá.

Nenhuma entidade reivindicou a duas ações ocorridas contra os sunitas, mas a principal suspeita se volta para grupos radicais xiitas. Os ataques acontecem após dois dias de explosões intensas contra alvos xiitas, que deixaram ao menos 56 mortos em diversas partes do país.

Na quinta (16), o primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, disse que os atentados se devem ao conflito religioso entre sunitas, xiitas e curdos.

"Nós precisamos saber que o banho de sangue de hoje é resultado do ódio religioso e também a incitação a essas tensões sectárias. Esse tipo de comportamento pode estar vindo de dentro ou de fora do país", disse o chefe de governo, em pronunciamento na televisão estatal.

VIOLÊNCIA

A violência no Iraque diminuiu desde seu período de auge, entre 2006 e 2007. No entanto, dez anos após o início da invasão dirigida pelos Estados Unidos, os ataques continuam sendo comuns, em especial após o fim da ocupação americana, em dezembro de 2011.

Três dias após as tropas ocidentais saírem do país, a Justiça iraquiana emitiu uma ordem de prisão contra o vice-presidente Tariq al-Hashemi, que é sunita. Os integrantes da seita afirmam que a perseguição ao político foi ordenada pelo primeiro-ministro Nouri al-Maliki, xiita.

Desde então, aumentaram os ataques e a troca de agressões entre os dois grupos. Além deles, sunitas e xiitas ainda disputam territórios do norte do país com os curdos, que possuem uma região autônoma rica em petróleo e outros recursos naturais.

A tensão com os curdos deve aumentar nos próximos meses com a chegada de integrantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, em curdo), que atuavam na Turquia e decidiram ir ao Iraque. Na terça (14), Maliki disse que a entrada dos curdos é uma violação da soberania iraquiana.

Outro ponto que também contribui para a violência sectária é o confronto na vizinha Síria, que já dura dois anos e provocou o deslocamento de diversos grupos radicais sunitas para combater o regime de Bashar al-Assad, que é alauita, vertente do xiismo.


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