Folha de S. Paulo


Série de atentados contra xiitas deixa ao menos 23 mortos no Iraque

Pelo menos 23 pessoas morreram nesta quinta-feira em mais uma série de atentados contra alvos xiitas no Iraque. Os principais locais atingidos foram a capital Bagdá e o Kirkuk, no norte do país, cidade em que há intensos protestos de sunitas.

Em Kirkuk, pelo menos 11 pessoas morreram e outras 34 ficaram feridas após um homem-bomba detonar uma bomba contra uma mesquita xiita no bairro de Al Uasati. No local, acontecia o funeral de uma das vítimas do atentado de ontem na cidade, que deixou oito mortos.

Mais cedo, outras 12 pessoas morreram e 30 ficaram feridas na explosão de dois carros-bomba em dois bairros xiitas da capital Bagdá. O primeiro ataque aconteceu no horário de pico da manhã no bairro de Cidade Sadr, onde um ônibus e um ponto de táxi ficaram destruídos.

Segundo a polícia, nove pessoas morreram, incluindo uma criança de sete anos e outras 16 ficaram feridas no ataque, causado pela explosão de dois carros-bomba. Em Kamaliya, outro ponto de táxi e um mercado foram atingidos por um carro-bomba, deixando pelo menos três mortos e 14 feridos.

As mortes acontecem um dia depois de que pelo menos 33 pessoas morrerem em todo país em ataques contra xiitas, a maioria na capital. Em pronunciamento, o primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, disse que os atentados se devem ao conflito religioso entre sunitas, xiitas e curdos.

"Nós precisamos saber que o banho de sangue de hoje é resultado do ódio religioso e também a incitação a essas tensões sectárias. Esse tipo de comportamento pode estar vindo de dentro ou de fora do país", disse o chefe de governo, em pronunciamento na televisão estatal.

VIOLÊNCIA

A violência no Iraque diminuiu desde seu período de auge, entre 2006 e 2007. No entanto, dez anos após o início da invasão dirigida pelos Estados Unidos, os ataques continuam sendo comuns, em especial após o fim da ocupação americana, em dezembro de 2011.

Três dias após as tropas ocidentais saírem do país, a Justiça iraquiana emitiu uma ordem de prisão contra o vice-presidente Tariq al-Hashemi, que é sunita. Os integrantes da seita afirmam que a perseguição ao político foi ordenada pelo primeiro-ministro Nouri al-Maliki, xiita.

Desde então, aumentaram os ataques e a troca de agressões entre os dois grupos. Além deles, sunitas e xiitas ainda disputam territórios do norte do país com os curdos, que possuem uma região autônoma rica em petróleo e outros recursos naturais.

A tensão com os curdos deve aumentar nos próximos meses com a chegada de integrantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, em curdo), que atuavam na Turquia e decidiram ir ao Iraque. Na terça (14), Maliki disse que a entrada dos curdos é uma violação da soberania iraquiana.

Outro ponto que também contribui para a violência sectária é o confronto na vizinha Síria, que já dura dois anos e provocou o deslocamento de diversos grupos radicais sunitas para combater o regime de Bashar al-Assad, que é alauita, vertente do xiismo.


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