Folha de S. Paulo


ONU aprova condenação a violações cometidas pelo regime sírio

A Assembleia-Geral das Nações Unidas aprovou nesta quarta-feira uma resolução condenando as violações aos direitos humanos cometidas pelo regime sírio, pedindo que haja "rápida" transição política.

A declaração teve 107 votos a favor. Rússia, China, Síria, Irã e Coreia do Norte estão entre os 12 países que se opuseram à resolução e 59 se abstiveram, entre eles Brasil, África do Sul e Índia. O texto foi preparado por países do golfo e contou com menos apoio do que um similar, apresentado à Assembleia-Geral no ano passado, que recebeu 133 votos.

A resolução não tem força legal, mas serve como condenação política ao regime do ditador Bashar al-Assad.

Bashar Jafari, embaixador sírio nas Nações Unidas, havia pedido antes da votação que os Estados-membros ficassem contra esse texto. A proposta foi apoiada por países árabes e criticada pela Rússia. Nenhum Estado-membro tem o poder de veto na Assembleia-Geral.

O rascunho da proposta foi elaborado pelo Qatar, que acusa Síria de violar sistematicamente os direitos humanos, ao escalar o uso de armas pesadas em áreas civis. A resolução, além de condenar as autoridades sírias, aceita a CNS (Coalizão Nacional Síria) como "um representante efetivo necessário para a transição política".

O embaixador Jafari criticou, durante seu discurso, o apoio à coalizão e a entrega de armas à oposição na Síria. Rússia, China e Irã --três aliados de Assad-- também criticaram a proposta em discussão.

Para Mohammad Khazaee, embaixador iraniano na ONU, a resolução é um "desvio" dos princípios da ONU.

O conflito entre insurgentes e regime foi iniciado em março de 2011. A ONU atualizou sua estimativa de vítimas, afirmando que mais de 80 mil pessoas já foram mortas. O número divulgado em fevereiro estimava 70 mil.

REFÉM

O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha confirmou nesta quarta-feira que um jornalista alemão foi detido na Síria pelas forças de Assad. Não há informações, porém, sobre a cidade em que ele seria mantido prisioneiro.

Parte das dificuldades da diplomacia alemã para obter detalhes sobre a detenção do jornalista e sua situação está ligada ao fato de que Berlim fechou sua embaixada em Damasco em 2010, por questões de segurança.

INTERNET

Na noite desta quarta, a internet voltou a funcionar na Síria, segundo informações de uma empresa de monitoramento dos EUA. Conforme a agência de notícias Reuters, moradores relataram que as linhas telefônicas estavam de volta depois de um apagão de oito horas, que deixou grande parte da população isolada.

É o sexto apagão nas comunicações desde a revolta, e empresas de monitoramento da web dizem que o governo provavelmente é responsável. Autoridades culparam um cabo de fibra óptica com defeito por um apagão na semana passada.


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