Folha de S. Paulo


Venezuela aprova subsídios e reformas para conter desabastecimento

O governo da Venezuela aprovou na segunda-feira uma série de medidas para conter o desabastecimento de alimentos no país. Dentre as alterações, estão o aumento de incentivos para os produtores dos alimentos que mais afetam os índices de inflação, que no país estão em cerca de 30% ao ano.

O anúncio foi feito pelo vice-presidente da República, Jorge Arreaza, horas após uma reunião com o ministro de Alimentos, Felix Osorio. A produção de legumes receberá incentivos permanentes, incluindo financiamentos permanentes, que movimentarão cerca de 2 bilhões de bolívares (R$ 638 milhões).

As produções de açúcar e girassol receberão subsídios. Enquanto o setor açucareiro receberá uma ajuda de 769 milhões de bolívares (R$ 245 milhões), os produtores de óleo de girassol serão beneficiados com um aumento de 30% no preço pago pelo governo.

Para o consumidor, o primeiro efeito será o aumento de 20% no preço dos laticínios e das carnes bovina e de frango. Além dos incentivos, o governo dividiu em três ministérios a responsabilidade do setor alimentício na Venezuela.

O Ministério da Agricultura se dedicará a fiscalizar a produção da matéria-prima e a pasta da Indústria ficará a cargo da geração dos insumos para garantir a produção. O beneficiamento e a distribuição será atribuição do Ministério dos Alimentos.

A pasta também será responsável pelas empresas Pronutrico e Proarepa, que controlam a produção de farinha de milho, insumo principal da arepa, comida que é a base alimentar venezuelana. As medidas ainda serão levadas a uma reunião com o presidente Nicolás Maduro, mas entram em vigor nos próximos dias.

DESABASTECIMENTO

A medida tenta conter o desabastecimento no país, que vem provocando enormes filas em supermercados e lojas. Segundo o banco central, a falta de alimentos é a maior em cinco anos. Além da farinha de milho, cujo nível de escassez é o dobro do geral, faltam farinha de trigo, frango, leite em pó, açúcar e papel higiênico.

O governo atribui a alta de preços e o desabastecimento à especulação de empresários que querem dar um "golpe econômico" em Maduro. Ontem, Arreaza se reuniu com representantes da Alimentos Polar, empresa acusada pelo governo de diminuir a produção por ser opor a Nicolás Maduro.

"Definimos que os atores econômicos devem se manter à parte de toda atividade política e devem se dedicar à produção. Esse foi o nosso acordo", disse o vice-presidente, que também questionou o corte de produção ocorrido após dezembro, quando piorou o estado de saúde de Chávez.

A Polar produz alguns produtos centrais na dieta dos venezuelanos, como a marca P.A.N de farinha pré-cozida de milho, um ingrediente chave das famosas arepas venezuelanas.

Os representantes da empresa ainda não comentaram sobre a reunião. Os executivos ainda deverão se reunir com o presidente Nicolás Maduro nas próximas horas.

Em novembro de 2010, o então presidente Hugo Chávez acusou o dono da Polar, Lorenzo Mendoza, de pretender tirá-lo do poder, enquanto em 2012 expropriou um terreno pertencente à empresa para a construção de casas sociais.


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