Folha de S. Paulo


Turquia prende nove suspeitos de atentado, Síria desmente envolvimento

Nove pessoas foram detidas neste domingo na Turquia após o duplo atentado com carro-bomba que deixou pelo menos 43 mortos no sábado em Reyhanli (sul), perto da fronteira com a Síria, cuja responsabilidade Ancara atribuiu ao regime de Damasco, que negou qualquer envolvimento no ataque.

"Até o momento nove pessoas foram detidas por sua relação com os ataques, há confissões", anunciou o vice-primeiro-ministro turco, Besur Atalay, em uma coletiva de imprensa transmitida pela rede de televisão NTV.

Atalay ressaltou que os suspeitos pertencem a "uma organização terrorista em contato com os serviços de inteligência sírios".

O ministro do Interior turco, Muamer Guler, já havia assegurado previamente que os autores do duplo atentado estavam vinculados a "organizações que apoiam o regime sírio e os serviços de informação".

Guler disse que o objetivo dos autores do ataque "é sabotar o processo de paz em curso" e "provocar tensões entre as pessoas que vivem aqui (em Reyhanli) e os que estão abrigados", em referência aos muitos refugiados sírios que fogem da guerra em seu país.

Ao se referir ao processo de paz, o ministro turco se referia às negociações levadas adiante há meses entre as autoridades turcas e a rebelião curda do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que começou a retirar suas tropas da Turquia na quarta-feira, três dias antes dos atentados de Reyhanli.

SÍRIA

A principal integrante da oposição síria também responsabilizou o regime de Bashar Al-Assad pelos atentados. "O Conselho Nacional Sírio condena fortemente os crimes covardes levados adiante por colaboradores do regime sírio na localidade turca de Reynhali", indicou em um comunicado.

Pouco antes, neste mesmo domingo, o regime de Damasco havia negado qualquer envolvimento no duplo atentado.

"A Síria não cometeu nem cometerá jamais um ato assim porque nossos valores não permitem", disse o ministro sírio da Informação, Omran Al-Zohbi, em uma coletiva de imprensa em resposta às acusações turcas.

"A morte de mártires nos entristece", disse o ministro. "Erdogan (o primeiro-ministro turco) é quem deve ser perguntado sobre este ato (...) Ele e seu partido assumem a responsabilidade direta", acrescentou Zohbi, que chamou o chefe do governo turco de "assassino".

O duplo atentado de Reyhanli é o ataque mais sangrento registrado na Turquia em anos e, em particular, desde o início do conflito na vizinha Síria, em março de 2011.

O governo turco, antigo aliado de Damasco, apoia agora a oposição e os rebeldes que enfrentam Bashar al-Assad.

Vários jornais turcos se referem neste domingo à pista de um grupo clandestino turco de esquerda, os Acilciler, e de seu chefe Miraç Ural, como possíveis responsáveis pelo atentado, que teriam agido em nome do regime de Damasco.

O número de mortos chegou a pelo menos 43. Cerca de cem pessoas ficaram feridas, 29 em estado grave.

O ministro das Relações Exteriores turco, Ahmed Davutoglu, lançou uma advertência aos autores do atentado. "Os culpados pagarão, não importa se são do interior ou do exterior do país", disse durante uma viagem a Berlim.


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