Folha de S. Paulo


Ascensão de ex-jogador de críquete embola eleição no Paquistão

O partido do ex-jogador de críquete Imran Khan cresceu nas pesquisas na reta final da campanha e pode embolar a eleição geral de sábado no Paquistão, resultando em um Parlamento dividido e numa prolongada negociação para a formação de uma coalizão.

A perspectiva de um governo fraco ofusca o otimismo em torno da primeira transição entre governos civis na história do Paquistão. O partido do ex-premiê Nawaz Sharif deve formar a maior bancada, e ele tem grandes chances de voltar ao cargo, 14 anos depois de ser deposto por militares, preso e posteriormente exilado.

Mas Khan pode acabar como o fiel da balança se não houver um vencedor claro. Num sinal da sua popularidade, 35 mil simpatizantes participaram na quinta-feira de um comício em Islamabad, sem a presença do próprio candidato.

O popular ex-jogador, 60, está internado em um hospital após se machucar na queda de um elevador durante um comício nesta semana. O acidente pode ter lhe rendido a simpatia de muitos eleitores.

O partido dele, chamado Tehrik-i-Insaf, começou a campanha com menos de 10% das intenções de voto, e na quarta-feira apareceu em um levantamento da revista Herald com 24,98%, logo atrás da Liga Muçulmana do Paquistão, de Sharif.

Khan, mais conhecido esportista da história do Paquistão, teve uma juventude típica de playboy, mas nos últimos anos surgiu como um contestador das dinastias políticas do país, tradicionalmente vistas como clientelistas e corruptas.

A campanha paquistanesa terminou oficialmente à 0h de sexta-feira (hora local). Mais de 110 pessoas morreram em incidentes políticos durante a campanha, e a violência prosseguia na véspera da votação.

Na sexta-feira, cinco pessoas foram mortas em atentados contra comitês partidários em Quetta (sudoeste) e Peshawar (noroeste). O Taleban paquistanês, que considera a eleição anti-islâmica, é responsável por esses ataques, e na quinta-feira revelou planos para cometer atentados suicidas no dia da votação.


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