Folha de S. Paulo


Irã abre 'seleção' para definir quem disputará Presidência

A corrida rumo à Presidência do Irã começou oficialmente ontem, com o início da inscrição das candidaturas junto ao órgão que escolherá, em função de critérios ideológicos, os nomes autorizados a concorrer no pleito de 14 de junho.

Os candidatos têm até sábado para se apresentar ao Conselho de Guardiães da Revolução, formado por seis juristas e seis religiosos.

O conselho tem duas semanas para anunciar os finalistas --tradicionalmente entre quatro e oito-- na disputa para suceder Mahmoud Ahmadinejad, impedido de concorrer novamente devido à limitação de mandatos.

As inscrições ocorrem no subsolo do Ministério do Interior, no centro de Teerã, onde a Folha passou a manhã acompanhando o processo aberto a qualquer iraniano nato, muçulmano acima de 40 anos, pós-graduado e sem antecedentes criminais.

Ao chegarem ao local, os candidatos devem retirar uma senha num guichê eletrônico e permanecer atentos a um painel eletrônico que anuncia o número da vez e a mesa onde será feita a formalidade. É necessário trazer fotos e documentos de idade, além de um currículo.

Embora mulheres sejam autorizadas a concorrer, o primeiro dia só teve homens, alguns com perfil excêntrico.

Um deles era Ali Rahimi, 59, cirurgião formado nos EUA que prometeu "apaziguar a relação com os americanos" caso consiga concorrer e ser eleito.

Entre os 62 candidatos registrados ontem havia apenas cinco políticos.

O mais conhecido é o ex-negociador nuclear Hassan Rowhani, integrante da corrente reformista que foi marginalizada pelo regime após contestar a reeleição de Ahmadinejad em 2009.

Entre os mais cotados para entrar no páreo como favoritos estão um assessor especial do líder supremo, autoridade máximo no Irã, e o prefeito de Teerã.

NERVOSISMO

No entanto, a campanha surge num contexto de indiferença da população e de nervosismo das autoridades.

Fontes diplomáticas citadas pela agência Reuters informaram ontem que um alto diplomata iraniano está há dois meses preso em confinamento solitário numa prisão de Teerã. Não estão claras as razões da detenção de Bagher Asadi, que já ocupou cargo na missão iraniana na ONU. Mas especula-se que possa ter sido consequencia de seus laços com reformistas.


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