Folha de S. Paulo


Brasileiro que liderará OMC quer destravar negociações; saiba mais

O brasileiro Roberto Azevêdo, 55, foi eleito nesta terça-feira diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio). É a primeira vez em que um latino-americano, representante de um país em desenvolvimento, é eleito para um mandato completo de quatro anos.

Saiba o que ele pensa sobre alguns assuntos ligados ao novo cargo:

PRINCIPAL DESAFIO

Um dos grandes desafios do novo chefe da OMC será retomar essas negociações, estagnadas há anos. "O sistema precisa ser atualizado, ou ele será incapaz de atender as necessidades de um mundo que mudou bastante", disse Azevêdo ao apresentar sua candidatura, em Genebra.

"O sistema comercial multilateral está enfraquecido por uma paralisia completa das negociações. A coisa mais importante a ter em mente é que não se trata apenas de negociações mas de todo o sistema", disse. "Trata-se de tornar o sistema compatível com o mundo de hoje, e a única maneira de chegar lá é incentivar o comércio e a liberalização do comércio como componente essencial das políticas de desenvolvimento."

"Só poderemos chegar lá se desbloquearmos o sistema", insistiu.

OMC

"Há preocupação com a perda de interesse pelo multilateral, e com o fato de a OMC ter regras do início dos anos 80. É um sistema defasado 30 anos", afirmou o brasileiro.

RODADA DOHA

"Nós começamos em Doha a vender a ideia de que a rodada era uma coisa boa para nós e que um monte de coisas se concretizariam", disse Azevêdo. "No entanto, o objetivo se revelou impossível. O que sugiro é uma modulação de nossas ambições, avançar o máximo possível", e ignorar os assuntos mais difíceis e delicados.

"Nós vamos ter de nos sentar à mesa com uma visão mais aberta, com um espírito construtivo e uma visão mais inovadora dos temas que estão sobre a mesa. O que só será possível se tivermos a vontade política para superar esse impasse. Essa vontade está presente", disse Azevêdo.

LIBERALIZAÇÃO

"O mundo desenvolvido levou meio século para baixar tarifas, e ainda há picos tarifários e setores mais protegidos. O processo [de liberalização do comércio mundial] é lento, mas não pode perder o sentido. A relevância maior do sistema é essa."


Endereço da página: