Folha de S. Paulo


Brasileira quer publicar livro com sua história nos EUA

Tudo o que restou na lembrança da brasileira Jeanete Santos dos dias em que foi agredida pelo ex-marido, também brasileiro, quando começava sua vida como imigrante ilegal nos Estados Unidos, há quase 30 anos, ela transformou em um livro que pretende publicar.

"Quando ele chegava bêbado, minhas pernas tremiam, o coração acelerava. Quem passa por isso tem vergonha de contar. Mas é preciso falar para conseguir sair", diz.

Após uma briga em que ele tentou matá-la com uma faca de mesa, os vizinhos chamaram a polícia. Anos depois, Jeanete descobriu que, como benefício por ter feito a denúncia, poderia se regularizar na imigração.

Com uma criança no colo, ela havia entrado a pé pela fronteira mexicana, com a ajuda de atravessadores, nos anos 1980. O então marido chegara um ano antes.

Após anos rejeitando se relacionar com outro homem, casou-se de novo. "Quando você sai de um caso de agressão e tem filhos, não consegue pensar mais nisso."

CONCURSO DE MISS

Chrystiane Vasconcellos deixou o Brasil há quatro anos para estudar inglês em Nova York. A meta era usar a qualificação para se inscrever no concurso de miss internacional.

Tinha visto de estudante, mas se envolveu com um americano que passou a ludibriá-la, dizendo que ela estava ilegal, que iria denunciá-la e ela seria deportada, diz Chrystiane. "Não contava nada para ninguém no Brasil."

Quando as ameaças evoluíram para a agressão física, o caso foi à polícia.

"Foi depois de uma festa. Fomos para a delegacia. Eu, de vestido e sem sapato. Ele dizia que eu era a agressora. Não conseguia me explicar em inglês."

Chrystiane, que ainda chora ao se lembrar da noite em que foi interrogada, conseguiu o visto e resolveu ficar tentar a vida em Nova York.


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