Folha de S. Paulo


Assad reaparece em Damasco; sunitas fogem de vila de massacre

O ditador da Síria, Bashar Assad, reapareceu neste sábado em visita à Universidade de Damasco, na abertura de um monumento contra as vítimas universitárias do conflito com os rebeldes, que deixou 70 mil mortos em dois anos.

A inauguração acontece no mesmo dia em que o grupo Observatório Sírio de Direitos Humanos informou que centenas de famílias deixaram a cidade de Baniyas, onde os rebeldes dizem que 40 pessoas morreram após uma ação de tropas do regime sírio.

Segundo a agência de notícias Sana, milhares de estudantes participaram da cerimônia de inauguração, que também contou com a presença de familiares das vítimas do conflito. Cercado de guarda-costas, o ditador cumprimentou à distância os alunos da instituição de ensino.

Esta é a segunda aparição na semana do mandatário, que tem diminuído o número de eventos públicos com o aumento da intensidade dos confrontos dentro do país. Na quarta (1º), ele foi a uma usina de energia na capital síria para comemorar o Dia do Trabalhador.

A visita acontece em meio a informações de que o Exército de Israel teria atacado na quinta (2) um comboio que levava armas ao Líbano. De acordo com funcionários dos governos americano e israelense, o armamento seria destinado ao grupo radical islâmico Hizbollah, aliado de Assad.

O regime sírio não comentou sobre o bombardeio. Na noite de sexta (3), o embaixador sírio na ONU, Bashar Jaafari, disse desconhecer o fato.

FUGA

Neste sábado, o Observatório Sírio de Direitos Humanos informou que centenas de famílias saíram de Baniyas, no litoral sírio, em direção à cidade portuária de Tartus após uma série de ataques do regime que deixaram pelo menos 40 mortos na quinta (2).

Segundo o presidente da ONG, Rami Abdel Rahman, o ataque gerou pânico entre a população local e levou as pessoas a fugirem ou buscarem esconderijos. Ele ainda diz que várias delas perderam o contato com seus familiares, o que pode indicar um número maior de vítimas.

A entidade divulgou um vídeo em que ativistas mostram seis pessoas mortas, incluindo crianças, que dizem ter sido gravado na cidade. A autoria das imagens não pode ser verificada. O regime sírio não comentou sobre a ação.

O grupo e outras organizações rebeldes acusam o regime de Assad de envolvimento nos ataques, que, de acordo com os insurgentes, tiveram envolvimento do Hizbollah e de agentes iranianos. De acordo com a ONU, mais de 70 mil pessoas morreram na Síria desde o início do conflito, em março de 2011.


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