Folha de S. Paulo


Milhares protestam em Bangladesh por melhores condições de trabalho

Milhares de pessoas protestaram nesta quarta-feira nas ruas de Dacca, a capital de Bangladesh, por ocasião do 1º de Maio, para exigir a condenação dos donos das unidades de confecção do prédio que desabou na semana passada e provocou a morte de mais de 400 pessoas.

O balanço atualizado da tragédia, divulgado nesta quarta-feira, dá conta de ao menos 402 mortos encontrados nos escombros do Rana Plaza, um edifício de oito andares que desabou em Savar, perto da capital. O general Chowdhury Hasan Suhrawardy anunciou que 149 pessoas permanecem desaparecidas.

O número de trabalhadores que conseguiram se salvar foi de 2.437. De acordo com fontes militares, ainda pode demorar entre 12 e 15 dias para a retirada total dos escombros.

Em Dacca, os manifestantes exigiram pena de morte aos responsáveis, uma semana depois da tragédia. Sete pessoas, incluindo o dono do Rana Plaza, foram presas acusadas de ligação com o caso. Um continua foragido.

Denúncias dão conta de que os proprietários das unidades têxteis obrigaram os trabalhadores a permanecerem no prédio, apesar das péssimas condições do edifício.

Munir uz ZAMAN/AFP
Bengaleses protestam por melhores condições de trabalho uma semana após desabamento de prédio de tecelagens que matou mais de 400
Bengaleses protestam por melhores condições de trabalho uma semana após desabamento de prédio de tecelagens que matou mais de 400

Os parentes das vítimas criticam ainda o governo por ter rejeitado a ajuda oferecida por outros países para as operações de resgate.

O governo teme atos de violência nas fábricas têxteis do país, onde operários trabalham em más condições para produzir peças a empresas ocidentais. Na tentativa de conter a revolta, foi anunciado um plano para inspecionar as fábricas.

Em Bruxelas, a União Europeia afirmou que considera aplicar sanções a Bangladesh, que conta com acesso preferencial aos mercados europeus, para pressionar o governo. Cerca de 60% das exportações bengalesas são destinadas à Europa, atualmente.


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