Folha de S. Paulo


Síria diz que é vítima de 'estratégia' para ser acusada de ataque químico

O embaixador da Síria na ONU (Organização das Nações Unidas), Bashar Jaafari, disse nesta terça-feira que o regime de Bashar Assad é vítima de uma "estratégia internacional coordenada" para acusar o país de usar armas químicas para reprimir os rebeldes.

Nas últimas semanas, Estados Unidos, Israel e Reino Unido disseram ter provas da probabilidade do uso de gás sarin em pequenas quantidades nos combates. O uso das armas foi a condição imposta pelo presidente americano, Barack Obama, para fazer uma intervenção militar.

Para Jaafari, as potências ocidentais e países como o Qatar a a Arábia Saudita pressionam o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para o envio de técnicos internacionais para a investigação da suspeita. Ontem, o chefe da organização voltou a pedir a Damasco a viagem dos especialistas.

O representante sírio também afirmou que terroristas lançaram um pó que deve ser um produto químico contra civis na cidade de Salaqeb, no norte do país. As vítimas do suposto ataque foram tratadas na Turquia o que, segundo ele, "faz parte de um cenário para incriminar o Exército sírio".

"Essa estratégia busca envolver o governo sírio sobre uma base falsa e desviar a atenção das acusações de Damasco contra a oposição".

O regime sírio diz que autoriza a entrada dos inspetores desde que avalie apenas a hipótese de uso de armas químicas em Aleppo, denunciada por ambos os lados em 19 de março. Para o regime, o ataque foi coordenado por rebeldes, enquanto a oposição acusa as forças leais a Assad.

Damasco afirma que os técnicos não podem investigar a suspeita das potências ocidentais por "uma questão de soberania nacional". O embaixador também afirma que França, Reino Unido e Estados Unidos não têm dados concretos sobre quando ou onde as tropas usaram o armamento.

OBAMA

Mais cedo, Obama disse que ainda tem dúvidas sobre o uso de armas químicas na Síria. Para ele, as provas apresentadas pela inteligência americana ainda são insuficientes para optar por uma intervenção militar.

Em entrevista coletiva, ele afirmou que as informações divulgadas por Hagel ainda são preliminares e que ainda faltam informações sobre em que circunstâncias as armas foram aplicadas. Por isso, não pode definir nenhuma interferência no conflito no país árabe.

"Nós ainda não sabemos como, onde e quem as usaram, e quando tomo decisões sobre a segurança nacional americana e o potencial para uma ação adicional em resposta ao uso de armas químicas, tenho que ter certeza de que eu tenho as provas".

Obama diz que é preciso de informações precisas e comprovadas sobre o ataque para definir qualquer ação contra o regime sírio, principalmente em caso de intervenção militar, e voltou a dizer que as armas químicas mudaria o cenário da guerra civil.

O mandatário ainda afirmou que faz reuniões desde o início do ano com as Forças Armadas para definir como atuar caso a suspeita seja confirmada. Ele, no entanto, não deu detalhes sobre o que foi determinado durante as reuniões.


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