Folha de S. Paulo


Atentados matam ao menos 20 no Iraque; ONU pede fim da violência

Uma série de atentados contra mesquitas sunitas deixaram pelo menos 20 mortos em Bagdá, no quarto dia de violência entre o grupo religioso e o governo de Nouri al Maliki, que é xiita. Desde o início dos confrontos, na terça (23), os enfrentamentos deixaram mais de 160 mortos.

Os confrontos sectários são os mais intensos desde a violência do fim de 2011 e início de 2012, quando os sunitas protestaram contra a ordem de prisão ao vice-presidente Tariq al Hashemi. O temor é que o conflito saia de controle e seja similar ao ocorrido em 2006 e 2007.

Na capital iraquiana, oito pessoas morreram em um ataque contra mesquitas sunitas, dentre elas um soldado. Mais tarde, outras sete pessoas foram mortas em uma explosão em uma rua comercial ao sul da cidade, enquanto no bairro xiita de Sadr City uma moto-bomba destruiu uma barraca de comida, matando cinco.

Nenhum grupo reivindicou a responsabilidade da ação, mas a principal suspeita recai sobre grupos insurgentes como a rede terrorista Al Qaeda. Nas cidades de Ramadi e Fallujah, milhares de sunitas protestaram contra a administração de Maliki após as orações da sexta-feira, dia sagrado para os muçulmanos.

O crescimento da violência é motivo de preocupação para o enviado da ONU em Bagdá, Martin Kobler. Ele cobrou ações imediatas dos manifestantes e do governo para retomar a paz no país. Para ele, o país "caminha em direção ao desconhecido" se diminui a propagação da violência.

"Peço a todos os líderes religiosos e políticos usar a sabedoria para que a raiva não vença a paz, já que o país se encontra em uma encruzilhada", apontou o enviado.

CONFLITO SECTÁRIO

As regiões sunitas passaram a ter maior número de protestos após rebeliões na Província de Kirkuk, no norte do país, em dezembro. Além de Kirkuk e Mosul, áreas como Anbar, Ninawa, Salah ad Din e Tikrit também se rebelaram contra o governo central.

Na última terça (23), um confronto entre forças de segurança do governo e manifestantes deixou 44 mortos na vila de Hawija, a 170 km de Kirkuk. Outras 155 pessoas ficaram feridas e cerca de 70 foram presas. Também foram apreendidas armas e munição.

Devido ao conflito iniciado em dezembro, o governo iraquiano adiou para 4 de julho as eleições locais nas Províncias de Anbar e Niniveh. No resto do país, o pleito ocorreu no domingo passado (21), após uma campanha violenta em que cerca de 20 candidatos foram mortos em atentados.


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