Folha de S. Paulo


Cameron diz que há 'provas crescentes' do uso de armas químicas na Síria

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, disse nesta sexta-feira que há "provas limitadas, mas crescentes" do uso de armas químicas na Síria. O país árabe passa há dois anos por conflito entre o regime de Bashar Assad e a oposição.

A declaração acontece um dia após o secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, dizer que o serviço de inteligência dos Estados Unidos ter conseguido evidências da probabilidade da aplicação de gás sarin no conflito pelas tropas de Assad.

"A inteligência americana avalia com graus variados de confiança que o regime sírio usou armas químicas em pequena escala na Síria, especificamente o agente químico sarin", disse Hagel, durante viagem aos Emirados Árabes Unidos, reproduzindo carta enviada a senadores.

Em entrevista à rede de televisão britânica BBC, Cameron chamou de preocupante a hipótese de aplicação do armamento. "É uma prova limitada, mas há provas crescentes de que há uso das armas, provavelmente vindo do regime. Isso é extremamente sério, é um crime de guerra e deve ser levado muito a sério".

Ele afirmou, no entanto, que tentará buscar mais informações e provas do uso das armas por Assad com países aliados. "Temos que juntar esses dados para confirmá-los e, assim, dar uma mensagem clara ao regime sírio".

Cameron concordou com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sobre uma intervenção militar em caso de uso comprovado do arsenal proibido. No entanto, disse ser improvável o envio de tropas britânicas à Síria em caso de ação da Otan, organização à qual o Reino Unido pertence.

Mesmo considerando uma intervenção militar, o chefe de governo britânico ainda defendeu ações diplomáticas contra Assad, como sanções econômicas e políticas, e o aumento do apoio financeiro aos grupos de oposição para que ganhem legitimidade.

OPOSIÇÃO

Nesta sexta, a oposição síria pediu à ONU (Organização das Nações Unidas) que autorize o envio de forças de paz para tentar dar fim aos dois anos de crise na Síria. O pedido foi feito em outras ocasiões para derrubar o regime de Assad, mas é barrado por Rússia e China, que têm poder de veto no Conselho de Segurança.

Os rebeldes acusam o regime de Assad de usar as armas químicas. Por outro lado, o governo negou e acusou os insurgentes e grupos vinculados à rede terrorista Al Qaeda de terem aplicado o armamento contra civis em Aleppo, no norte do país.

A União Europeia também pediu cautela e disse esperar que a ONU mande uma missão de investigadores à Síria para verificar a suspeita do uso de armas químicas.

"Nós vemos que esse regime não tem muito respeito pela vida humana, mas não podemos taxar nada até que haja provas contundentes", disse o porta-voz do bloco, Michael Mann.

O uso de armas químicas mudaria o cenário do conflito na Síria, que há dois anos passa por combates entre rebeldes e o governo. Segundo a ONU, mais de 70 mil pessoas morreram no país devido aos confrontos desde março de 2011.


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