Os maiores jornais britânicos se manifestaram nesta quinta-feira contra a criação de um órgão estatal para regular a mídia impressa no Reino Unido.
As empresas apresentaram uma contraproposta ao plano, que segundo elas pode colocar em risco a liberdade de expressão no país.
A criação de um órgão oficial foi sugerida pelo governo britânico como consequência do inquérito Leveson, que investigou tabloides acusados de grampear telefones para obter informações de maneira ilegal.
O escândalo engajou políticos e celebridades numa campanha pela regulação da imprensa e levou ao fechamento do "News of the World", do empresário australiano Rupert Murdoch.
Segundo os jornais britânicos, a criação de um órgão estatutário nos moldes propostos pelo governo conservador, em acordo com a oposição trabalhista, pode subordinar os veículos à interferência indevida de políticos.
A contraproposta apresentada ontem pelas empresas prevê a criação de uma entidade reguladora com poderes semelhantes, porém desvinculada do Estado e com mais voz para o setor.
Ficariam mantidos os poderes de investigar supostos abusos, convocar editores para dar explicações públicas e aplicar multas de até 1 milhão de libras (R$ 3 milhões).
Dos 11 jornais britânicos de expressão nacional, nove apoiam a contraproposta, de acordo com a BBC. Ficaram de fora o "Guardian" e o "Independent", que têm as menores médias de tiragem.
A reação da mídia foi criticada pela ONG Hacked Off, que liderou a campanha pela investigação dos tabloides. "Eles não querem se desculpar dos abusos apontados no inquérito e não aceitam a necessidade de mudanças reais", disse o grupo, em nota.
O editor do "Daily Telegraph" Tony Gallagher, afirmou no Twitter que seu veículo não esteve envolvido no escândalo e que os jornais querem um modelo de regulação "duro, mas não estatal".
O primeiro-ministro David Cameron prometeu analisar a contraproposta da mídia, e outros políticos do Partido Conservador, como o prefeito londrino Boris Johnson, saíram em defesa dos jornais.