Folha de S. Paulo


Indústrias brasileiras são "remédio" para doença do Paraguai, diz Cartes

O presidente eleito do Paraguai, Horacio Cartes, defendeu ontem que o país volte o quanto antes ao Mercosul -do qual está suspenso desde junho passado, em represália ao impeachment-relâmpago de Fernando Lugo.

"Escutei tantas coisas, de que deveríamos sair do Mercosul. Me parece uma tolice tão grande", disse Cartes, em coletiva de imprensa em Assunção.

Segundo o colorado, ao sair do bloco, o país perderia, por exemplo, o investimento de brasileiros. "E as indústrias brasileiras estão dando exatamente o remédio para a nossa enfermidade: a falta de emprego e de capacitação", afirmou.

Para Cartes, o melhor para o país é olhar para o futuro. "Nos restam dois caminhos agora: ou olhamos para trás -e alguns querem recordar a guerra da Tríplice Aliança- ou buscamos a solução e os benefícios para os habitantes de um país", disse.

Para Cartes, essa não é a hora de "trabalhar com o Brasil, e não contra o Brasil".

Ele disse ter recebido um telefonema da presidente Dilma Rousseff no início da tarde e afirmou ter pedido ajuda com a experiência brasileira em programas de combate à pobreza, como o Fome Zero. "O Paraguai produz alimentos para 80 milhões, 90 milhões de pessoas e temos 19% da população que não tem acesso a uma cesta básica. Ela [Dilma] já me mostrou muita predisposição em ajudar", disse.

Sobre o convite que recebeu do presidente Uruguai José Mujica de participar da próxima cúpula do Mercosul em Montevidéu, em junho, Cartes agradeceu, mas disse que não iria. "Vamos assumir em 15 de agosto e, antes disso, é o presidente Franco que tem que exercer seu mandato."

CONTRABANDO

Ao ser questionado sobre as acusações de lavagem de dinheiro, ligação com o narcotráfico e com o contrabando de cigarros para o Brasil, disse serem denúncias "absolutamente falsas".

"Quando alguém tem [que falar] a verdade, há um lugar em que é preciso ir: o Poder Judiciário. E deve fazer [a acusação] de forma responsável. Posso assegurar que há nenhuma denúncia contra mim", disse.
Cartes é sócio da empresa Tabesa, que aparece no relatório da CPI da Pirataria do Congresso brasileiro ligada ao contrabando de cigarros para o país.

Editoria de Arte/Folhapress

EQUIPE DE TRANSIÇÃO

Ontem, Cartes anunciou que montará sua equipe de transição, sob a coordenação de Juan Carlos López Moreira, um de seus mais importantes assessores no conglomerado de empresas do colorado.

Na noite desta segunda, ele se encontrou com o presidente Federico Franco, que é do partido liberal, derrotado pelos colorados nas eleições de domingo.

"Confiamos plenamente na boa predisposição e sentido de patriotismo do presidente Federico Franco [para ajudar na transição]", disse Cartes, num comunicado antes do encontro.


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