Folha de S. Paulo


Horacio Cartes tem maioria na Câmara, mas precisa de alianças no Senado

O presidente eleito do Paraguai, Horacio Cartes, vai governar, a partir de agosto, com maioria no Congresso. No Senado, no entanto, será necessário aos colorados costurar alianças para aprovar projetos.

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Na Câmara, o Partido Colorado conquistou 47 das 80 cadeiras ­--17 a mais do que tem hoje--, o que lhe dará folga suficiente na Casa.

A situação no Senado está menos tranquila. Apesar de terem ganhado quatro assentos a mais, chegando a 19 dos 45, os colorados não obtiveram a maioria absoluta.

É pelo Senado que passam os temas de política externa do país. Um dos primeiros trabalhos dos novos senadores será, inclusive, votar novamente o ingresso da Venezuela ao Mercosul. No Senado, o Partido Colorado sempre foi a principal força de oposição à entrada do país no bloco.

Para tentar alcançar a maioria absoluta na Casa, o mais provável é que os colorados cortejem os dois senadores eleitos pelo Unace (União Nacional de Cidadãos Éticos), partido do general Lino Oviedo, morto num acidente de helicóptero em fevereiro.

Os oviedistas apoiaram os liberais na campanha à presidência, mas há um histórico comum entre os vencedores e os membros do Unace -criado em 2002 pelo general Oviedo, ex-colorado.

"Sem o general Oviedo, com o tempo, o Unace deve desaparecer. E os senadores do partido são muito próximos ideologicamente dos colorados tradicionais. Não me estranharia se eles se somassem aos colorados", disse o analista político paraguaio Alfredo Boccia, à Folha.

Mesmo assim, a conta não fechará os 23 da maioria absoluta.

O partido liberal, que teve seu candidato à presidência, Efraín Alegre, derrotado por Cartes, se tornou a segunda maior bancada do Senado, com 15 assentos -- somados os três parlamentares eleitos pelo PDP (Partido Democrático Progressista), do candidato a vice de Alegre, Rafael Filizzola.

LUGO

A novidade das eleições neste ano foi a consolidação da bancada de esquerda --cujo principal expoente é o ex-presidente Fernando Lugo, deposto em junho passado-- como a terceira maior do Senado.

A coligação Frente Guasú, de Lugo, obteve cinco assentos, e a Avança País, encabeçada pelo ex-advogado de Lugo, Adolfo Ferreiro, conquistou dois assentos.

Para Boccia, a principal força de oposição será a dos liberais, mas a bancada de esquerda também deverá ser um problema para colorados e liberais --com quem Lugo fez uma aliança para chegar ao poder, mas depois rompeu. Seu vice, o liberal, Federico Franco, foi um dos principais apoiadores do impeachment-relâmpago do esquerdista em 2012.

"Depois do rompimento, por meio do julgamento político, não há qualquer possibilidade de aliança entre Lugo e os liberais", diz o analista.

Editoria de Arte/Folhapress

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