Folha de S. Paulo


Fico inseguro por não saber onde está próxima bomba, diz brasileiro

O estudante brasileiro Maiko Rafael Spiess, 31, relatou o clima de tensão que está na região de Boston. Ele mora em Belmont, cidade vizinha de Watertown, onde ocorreu o tiroteio desta quinta-feira (18) à noite que matou um dos suspeitos pelo atentado da maratona de Boston.

Os irmãos Dzhokhar Tsaenaev, 19, e Tamerlan Tsaenaev, 26, foram apontados como os responsáveis pelos ataques que acontecerem da última segunda-feira (15) que feriu 176 pessoas e matou três.

Tamerlan foi morto durante uma troca de tiros em um campus do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, em inglês). Dzhokhar conseguiu fugir e ainda não foi capturado pela polícia.

Arquivo Pessoal
O estudante Maiko Rafael Spiess que mora em Belmont, cidade vizinha a Boston
O estudante Maiko Rafael Spiess que mora em Belmont, cidade vizinha a Boston

Maiko conta que logo pela manhã recebeu uma ligação automática da prefeitura explicando a situação e pedindo para a população não sair de casa. "Temos recomendação para ficar dentro de casa e só abrir para a polícia; o transporte público está suspenso, sem previsão de retorno."

Segundo ele, as autoridades agiram rapidamente para orientar a população com o sistema de alerta automatizado e coletivas de imprensa frequentes. "Mas fica a insegurança de não saber onde pode estar a próxima bomba, quais os motivos", relata.

Aluno de doutorado da Unicamp, Maiko é pesquisador visitante em Harvard e diz que a rotina foi alterada desde segunda-feira (15) quando ocorreram os atentados. "Evitei sair de casa e quando saí evitei pegar transporte público". Ele também conta que a maioria da população até tentou "tocar a vida normalmente".

"Acho que nem os americanos sabem como reagir, mas para mim fica a sensação de imprevisibilidade", afirma.

PERSEGUIÇÃO

A caçada aos suspeitos começou na noite de quinta-feira, após dois crimes que aconteceram em um intervalo de menos de uma hora. Por volta das 22h30 (23h30 em Brasília), o segurança Sean Collier, 26, foi morto em um campus do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, em inglês).

Em seguida, a polícia recebeu a informação de que uma camionete foi roubada na mesma região.

A rede de televisão NBC informou que conversou com o motorista e este disse que passou por um sequestro relâmpago e liberado em um posto de gasolina. A vítima disse que os dois criminosos que o abordaram eram os responsáveis pelo atentado na maratona.

Minutos depois, a polícia localizou o carro roubado e começou uma troca de tiros com os suspeitos. Os agentes afirmam que durante o tiroteio foram jogados "elementos explosivos" contra a polícia. Testemunhas dizem que os artefatos pareciam granadas, embora outras afirmam que viram bombas feitas com panelas de pressão.

Durante a troca de tiros, o agente de trânsito Richard Donohue, 33, que fazia a segurança de uma estação de metrô, foi baleado e gravemente ferido. Ele foi internado em estado grave com ferimentos graves na perna e precisou de transfusão de sangue.

Editoria de Arte/Folhapress

Ainda não está claro como Tamerlan Tsarnaev, 26, foi morto durante a perseguição. Agentes da polícia dizem que ele portava cintos de explosivos, mas os médicos disseram que ele também tinha marcas de bala no corpo. Não se sabe se ele morreu em tiroteio ou após a explosão das bombas.

Após a ação, o segundo suspeito, Dzhokhar Tsarnaev, 19, furou o bloqueio da polícia e está foragido até agora. Não há informações precisas sobre de que forma ele fugiu, como ele saiu do local e a trajetória do suspeito nas últimas horas.

No final da manhã, os policiais encontraram uma camionete vazia em Watertown, próximo à região onde policiais fazem cerco para encontrar o suspeito foragido. Os dois acusados, que a polícia acreditam que sejam irmãos, eram de origem tchetchena e viviam nos Estados Unidos legalmente.


Endereço da página:

Links no texto: