Folha de S. Paulo


Sem suspeitos, investigação de ataque em Boston avança lentamente

As autoridades americanas avançam lentamente na investigação dos atentados de Boston, mas seguem sem dispor de pistas que permitam identificar seus autores, enquanto nenhuma pessoa ou organização se responsabilizou pelas explosões de segunda-feira.

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O único indício que parece ter se consolidado ontem (16) é o que se refere ao dispositivo utilizado no atentado, embora esse elemento também não esteja ajudando a orientar as suspeitas em direção a um autor nacional ou estrangeiro.

Segundo vazou, pelo menos um dos dois artefatos que explodiram nos últimos metros da maratona de Boston, e muito provavelmente os dois, parece ter consistido em uma simples carga explosiva colocada dentro de uma panela de pressão metálica.

Trata-se de um dispositivo muito simples, de fácil fabricação e comum tanto entre os terroristas islâmicos como entre os extremistas violentos e solitários do interior dos EUA.

A panela em questão estava dentro de uma mochila ou bolsa de náilon na cor preta, segundo fontes das forças de segurança citadas por várias emissoras de televisão americanas.

O congressista republicano Michael McCaul, que pertence ao Comitê de Segurança Nacional da Câmara de Representantes, confirmou que as autoridades acreditam que os explosivos são provavelmente "artefatos de panelas de pressão", similares aos explosivos rudimentares usados contra as tropas americanas no Afeganistão e Iraque.

Esse tipo de bomba improvisada é um dos preferidos dos militantes da organização terrorista Al Qaeda e foi empregada em vários atentados no Oriente Médio, no Norte da África e no Sudeste Asiático.

No entanto, também é uma técnica muito apreciada pelos grupos radicais americanos e neonazistas que declararam guerra ao Governo de Washington.

É de fabricação muito simples e não requer nenhuma instrução que não possa ser aprendida anonimamente na internet, o que facilita qualquer ação dificilmente detectável por parte de um "lobo solitário", como pode ter sido o caso nos atentados de Boston.

As autoridades pensam que os artefatos usados na segunda-feira foram detonados mediante um temporizador, e não por meio de telefones celulares, o que teria revelado um nível maior de sofisticação e organização.

De acordo com a emissora Fox, em pelo menos um dos artefatos a panela de pressão estava ligada a uma tábua de madeira que também levava uma garrafa cheia de pregos e bolas de gude.

Fotografias que estão sendo examinadas pelo FBI parecem sugerir que uma das bombas foi deixada no local em uma bolsa ou mochila.

As fotos mostram a área próxima à linha de chegada da maratona antes e depois do atentado. Na primeira delas, pode ser vista uma bolsa perto de uma caixa de correio, apoiada em uma cerca atrás dos espectadores. Na segunda foto, imediatamente depois da explosão, não há mais rastros da bolsa.

VÍTIMAS

O ataque deixou três mortos e 176 feridos. Um dos mortos é um menino de oito anos e a outra uma mulher de 29 anos. A identidade da terceira vítima não foi divulgada

Entre os feridos, 17 permanecem em estado grave. Dois deles são dois irmãos de 31 e 33 anos que assistiam à corrida e que sofreram amputações. Há também uma brasileira, que, de acordo com o chanceler Antonio Patriota, sofreu ferimentos leves.

Editoria de arte/Folhapress

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