Folha de S. Paulo


Escândalo de terras derruba presidente do Senado no Paraguai

Um novo escândalo de terras no Paraguai derrubou nesta terça-feira o presidente do Senado, Jorge Oviedo Matto, da Unace (União Nacional de Cidadãos Éticos) --partido fundado em 2002 pelo general Lino Oviedo, morto em fevereiro.

Oviedo Matto renunciou ao posto após denúncias de um esquema de compra ilegal de terras pelo Indert (Instituto Nacional de Desenvolvimento Rural e da Terra). Quem assume a presidência é o senador Alfredo Jaeggli, do PLRA (Partido Liberal Radical Autêntico), do presidente Federico Franco.

Franco já tinha ordenado a investigação da compra pelo Indert.

Segundo o Ministério Público, o pai de Oviedo Matto, Lidio Oviedo, é acionista da empresa San Augustín SA, que recebeu quase 47 bilhões de guaranis (equivalente a RS 22,4 milhões) do Banco Nacional de Fomento por 5.700 hectares de terras no departamento (Estado) de Cordillera.

Em dezembro passado, a Junta Assessora e de Controle de Gestão do Indert chegou a avaliar a terra em 6 milhões de guaranis por hectare -o que daria um valor total de 34,2 bilhões de guaranis (R$ 16,3 milhões). A quantia paga foi 27% maior.

O liberal Jaeggli, no entanto, também já assume sob a sombra de denúncias. Ele teria seu nome ligado a uma venda de terras com título falso ao governo em 2008. As investigações seguem no Ministério Público até hoje. A previsão é que ele permaneça na presidência do Senado até 30 de junho.

'express'

Segundo o jornal "ABC Color", não durou mais do que dois minutos o processo entre o pedido de renúncia de Oviedo Matto e a posse de Jaeggli, que era o vice-presidente da Casa.

A decisão 'express' --tomada em meio a ameaças de senadores colorados de tirar Oviedo Matto da presidência-- lembra o processo-relâmpago de impeachment do então presidente Fernando Lugo, também no Senado. O julgamento político que destituiu Lugo durou 30 horas e os advogados do ex-presidente alegaram não ter tido direito para preparar sua defesa. O processo foi considerado uma "quebra da vigência democrática" pelos países do Mercosul.


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