Folha de S. Paulo


Insurgentes sírios receberão assessoria de ex-diplomata britânico

A Coalizão Nacional Síria, entidade que representa grupos de oposição no país árabe, será assessorada por um ex-diplomata britânico.

A insurgência contratou a ONG Independent Diplomat para a consultoria em assuntos diplomáticos, incluindo as relações entre os revolucionários sírios e os EUA.

A informação, publicada pelo jornal britânico "Independent", foi confirmada pela Folha, em contato com o Independent Diplomat.

Esse grupo foi fundado em 2004 por Carne Ross, que havia deixado seu posto no governo britânico devido à Guerra do Iraque. À época, Carne acusou a gestão de não ter encontrado uma solução não militar contra o regime de Saddam Hussein.

Ross não discute os detalhes do contrato, porém. "Não é que seja um segredo", diz. "Nosso trabalho é ajudá-los a entrar em contato com as fontes diplomáticas."

A ONG, baseada em Nova York, não será paga pela função, e Ross afirma que não representará a coalizão síria, mas apenas irá aconselhar seus membros.

A tarefa está alinhada com a vocação do Independent Diplomat, que assessora "grupos marginalizados" das negociações diplomáticas.

Entre outros clientes de Ross já estiveram, por exemplo, Saara Ocidental, Sudão do Sul e Croácia --esse último devido a seu processo de entrada na União Europeia.

À Folha Ross diz que o Independent Diplomat assessora apenas grupos comprometidos com a democracia.

Há receio no Ocidente em relação à participação de grupos islamitas na oposição síria. O Jabhat al Nusra, por exemplo, tem uma suposta ligação com a Al Qaeda.

A insurgência contra o regime de Bashar Assad, ditador da Síria, começou em março de 2011 e já deixou, segundo as estimativas da ONU, mais de 70 mil mortos.

ANISTIA

Assad decretou, ontem, anistia geral "para os crimes cometidos antes de 16 de abril", de acordo com relato da mídia estatal da Síria.

A medida deve afetar os condenados por participar da insurgência contra o regime, diminuindo a duração das penas que cumprem. A pena de morte será substituída por trabalho forçado.

O regime de Assad decretou outras anistias do gênero, no passado. Para a oposição, é necessário que a ditadura liberte detidos, como mulheres e crianças, para que o decreto seja visto como um gesto na direção de uma solução para o conflito.


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