Folha de S. Paulo


"Achei que era a explosão de um botijão", diz maratonista brasileiro em Boston

"Para nós, que somos brasileiros, o primeiro pensamento, quando ouvimos o barulho, foi que tinha acontecido a explosão de um botijão de gás."

A impressão é do maratonista mineiro Carlos Ferreira, que contou à Folha na noite de segunda-feira (15), em Boston, como terminou a prova em pouco mais de três horas e já estava se trocando quando ouviu o forte ruído.

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O sentimento de Paulo Roberto Silva, que o acompanhava, assistindo ao evento da arquibancada, foi semelhante.

"Nós não estamos acostumados a esse tipo de coisa no Brasil. Eu nem imaginei que pudesse ser atentado. Mas as pessoas em volta já fazem cara de espanto e pensam em terrorismo muito mais rápido", afirma.

Joana Cunha/Folhapress
Maratonista Carlos Ferreira (esq.) e seu acompanhante, Paulo Silva, que estavam em Boston no momento das explosões
Maratonista Carlos Ferreira (esq.) e seu acompanhante, Paulo Silva, que estavam em Boston no momento das explosões

Ferreira, que corre maratonas há mais de quinze anos e já participou de eventos em Nova York e Berlim, não pretende antecipar seu retorno ao Brasil.

Apesar de visivelmente cansado, o atleta não demonstrava o mesmo transtorno percebido entre moradores de Boston. Ao contrário, um sorriso de alívio alterava sua decepção pela maneira dramática como seu projeto terminou.

"Que coisa lamentável. Essa maratona aqui é sempre tão boa", disse.

"Eu já estava a uns 200 metros de distância do local. Tinha acabado de correr 42 quilômetros. Até me perdi quando começaram a nos mandar sair. Começaram a chegar as ambulâncias e tinha muita sirene", descreve.

Na final da noite, a cidade era silenciosa. Vibravam em Boston apenas as luzes dos carros de polícia e os holofotes da intensa cobertura jornalística. Uma das poucas pizzarias abertas de madrugada na cidade estava com o movimento de delivery acima do normal.


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