Folha de S. Paulo


Oposição quer investigar negócios dos Kirchner

Um grupo de deputados da oposição levou à Justiça, ontem, um pedido para que sejam investigadas as denúncias feitas pelo jornalista Jorge Lanata de que um empresário aliado do kirchnerismo teria enviado ilegalmente para o exterior mais de € 55 milhões (cerca de R$ 143 milhões). O dinheiro estaria relacionado a negócios do ex-presidente Néstor Kirchner, morto em 2010.

Para a deputada Elisa Carrió, que denunciou pela primeira vez que o casal Kirchner enriquecera de modo ilícito, em Santa Cruz, as revelações de Lanata ajudarão a dar andamento à causa, aberta num tribunal federal.

Em seu retorno à televisão após um recesso de três meses, Lanata apresentou a investigação, que lhe tomou dois anos de apuração. Baseia-se no depoimento de Leonardo Fariña, um ex-testa de ferro do empresário Lázaro Báez, que, ao ter sido afastado no negócio, afirmou fazer operações para retirar do país dinheiro ilícito. O destino seria um banco suíço.

Lanata cruzou o depoimento de Fariña, gravado em sua casa com uma câmara oculta, com documentos dessas empresas que expõem o vínculo com Báez, depoimentos de outros testas de ferro lesados e provas de que os bilhetes haviam sido embarcados desde o aeroporto de Santa Cruz, em voos fretados.

O caso ganhou o noticiário argentino durante quase todo o dia, ontem. Isso porque, além de expor o casal Kirchner com fortes evidências, a história ainda envolve figuras do mundo das celebridades do país. Fariña é casado com a modelo Karina Jelinek e dirige Ferraris e outros carros caros.

Báez frequenta a casa dos Kirchner há anos e foi dos poucos presentes no jantar da noite anterior à morte de Néstor. Foi também quem cuidou da obra do mausoléu dedicado ao presidente morto em 2010.

"O dinheiro que se perde para a corrupção falta num hospital, numa escola", disse Lanata à Folha.


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