Folha de S. Paulo


EUA dizem que auditoria na Venezuela é 'passo necessário e prudente'

O governo dos Estados Unidos disse nesta segunda-feira que a realização de auditoria da eleição presidencial da Venezuela, vencida por estreita margem pelo presidente interino Nicolás Maduro, herdeiro político do líder Hugo Chávez, é um passo necessário e prudente.

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A recontagem foi pedida pela oposição após Maduro ser eleito com apenas 1,77 ponto percentual, ou pouco mais de 200 mil votos, em relação a Henrique Capriles. Segundo a Comissão Nacional Eleitoral, Maduro obteve 50,75%, contra 48,98% de Capriles, com 99,2% dos votos apurados.

Em entrevista coletiva, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse que uma decisão definitiva nessas circunstâncias seria "inconsistente" com as expectativas dos venezuelanos. "Parece ser um passo importante, prudente e necessário para assegurar que todos os venezuelanos tenham confiança nos resultados".

Carney não mostrou reconhecimento do governo americano pelo resultado. Ele também felicitou a população venezuelana pelo processo eleitoral, que teve abstenção de cerca de 20%. Os americanos passaram por uma recontagem polêmica durante a eleição presidencial de 2000, quando foi eleito George W. Bush.

No caso venezuelano, a pequena diferença exige a auditoria de 100% dos votos --o que é possível, já que, diferentemente do Brasil, para cada voto eletrônico há um comprovante em papel. Durante a votação, os eleitores votam em uma máquina, que imprime um comprovante a ser depositado em uma urna.

CAPRILES

Mais cedo, o candidato opositor Henrique Capriles disse que rival Nicolás Maduro será um presidente ilegítimo se não houver recontagem dos votos. O herdeiro político de Hugo Chávez assumirá o cargo em definitivo ainda hoje.

Em sua conta no microblog Twitter, o adversário de Maduro exigiu a recontagem por conta de irregularidades que, segundo Capriles, foram cometidas pelo chavista. "O povo venezuelano tem direito de auditar as eleições e conhecer a verdade. Até que não se conte cada voto, auditoria de tudo, há um presidente ilegítimo".

Com a recontagem, o presidente só poderia ser proclamado após o fim do processo. No entanto, o governo venezuelano convocou para as 14h desta segunda (15h30 de Brasília) um ato de posse para Nicolás Maduro, mesmo com a controvérsia do resultado.

"O povo uma vez mais ratifica o seu compromisso democrático e celebra junto a seu presidente eleito essa nova vitória da paz e da justiça", diz o vídeo exibido desde o começo da manhã de ontem no canal estatal VTV.

Nesta segunda, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, defendeu a recontagem dos votos e colocou à disposição uma equipe de especialistas eleitorais para ajudar no processo. Ele também pediu diálogo nacional no país por causa da divisão e polarização política para acalmar os ânimos entre os dois lados políticos.


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