Folha de S. Paulo


Pyongyang recebe delegações estrangeiras apesar de recomendação para retirada

A Coreia do Norte informou nesta sexta-feira que recebeu delegações estrangeiras para celebrar nos próximos dias o aniversário do seu fundador, Kim Il-sung, apesar da recente recomendação do regime às embaixadas para que retirasse seus funcionários do pais diante da possibilidade de uma "guerra iminente".

A agência estatal norte-coreana KCNA detalhou que os representantes que chegaram a Pyongyang pertencem a organizações de países como Rússia, Mongólia, França e República Democrática do Congo afins à ideologia "juche", uma variação do socialismo baseada na autossuficiência criada pelo próprio Kim Il-sung, avô do atual líder, Kim Jong-un.

Além dos festejos para celebrar o 101º aniversário do nascimento de Kim Il Sung, cujo aniversário, denominado "Dia do Sol", é celebrado todo dia 15 de abril, a Coreia do Norte decidiu realizar sua maratona internacional anual.

Participarão da prova de atletismo, que acontecerá em 14 de abril em Pyongyang, corredores de países como Ucrânia, Itália, África do Sul e Egito que, segundo a agência, já se encontram em território norte-coreano.

A KCNA anunciou também que chegaram a Pyongyang "alguns convidados chineses para participar do 15º Festival da Kimilsungia", uma flor especialmente criada em homenagem a Kim Il-sung-- o país é caracterizado pelo extremo culto à personalidade dos seus dirigentes.

Os anúncios sobre as celebrações e a chegada de convidados estrangeiros ao país contrastam com as contínuas ameaças proferidas nos últimos dias pelo regime de Kim Jong-un, que assegurou em várias ocasiões que a guerra pode começar a qualquer momento.

Na semana passada, a Coreia do Norte recomendou às embaixadas estrangeiras em Pyongyang que retirassem seus funcionários sob o argumento de que a partir de 10 de abril não poderia garantir sua segurança.

O regime comunista voltou à carga na terça-feira e aconselhou os estrangeiros residentes na vizinha Coreia do Sul a prepararem planos de saída.

DIÁLOGO

Em meio à crescente tensão na região, o governo da Coreia do Sul pediu na última quinta-feira (11) que a Coreia do Norte retome rapidamente o diálogo com o país. "Pyongyang deve comparecer à mesa de negociações imediatamente", afirmou em entrevista coletiva o ministro sul-coreano da Unificação, Ryoo Kihl-jae.

O chamado ao diálogo tem como principal objetivo a retomada das operações do complexo industrial conjunto de Kaesong, fechado na terça-feira por decisão unilateral de Pyongyang.

Situado na Coreia do Norte, a poucos quilômetros da zona desmilitarizada que separa os países, o complexo é o único projeto intercoreano vigente, com 123 companhias da Coreia do Sul e 54 mil empregados norte-coreanos.

O ministro afirmou que a paralisação causa grandes prejuízos tanto às empresas da Coreia do Sul quanto aos operários da Coreia do Norte.

Também na quinta, em Londres, os ministros das Relações Exteriores do G8 condenaram nos "termos mais enérgicos" o desenvolvimento das armas nucleares e de tecnologia de mísseis balísticos pela Coreia do Norte e pediram que o regime "cesse as provocações".

O G8 se declarou, em seu comunicado final, "profundamente preocupado" com o elevado número de mortos na Síria e condenou a "retórica agressiva" do regime de Pyongyang. "Isso só servirá para isolar ainda mais a Coreia do Norte", afirmou, que insistiu em seu objetivo de conseguir uma península coreana com "paz duradoura e uma desnuclearização verificável".


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