Folha de S. Paulo


Seul duvida que Coreia do Norte seja capaz de ter míssil nuclear

O Ministério da Defesa da Coreia do Sul indicou nesta sexta-feira que não acredita que a Coreia do Norte tenha conseguido reduzir o tamanho de suas ogivas nucleares o suficiente para instalá-las em mísseis, em uma conclusão que diverge do último relatório da inteligência dos Estados Unidos.

Pentágono acha que Coreia do Norte já pode lançar armas nucleares

"A Coreia do Norte realizou três testes nucleares, mas existem dúvidas sobre se está na etapa em que pode reduzir o peso e diminuir (os dispositivos atômicos) para sua instalação em um míssil", apontou em entrevista coletiva em Seul o porta-voz da Defesa.

A avaliação do ministério sul-coreano contrasta com a última conclusão da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA (DIA, na sigla em inglês), divulgada na quinta-feira pelo congressista republicano Doug Lamborn na Câmara dos Representantes.

A DIA "acredita com confiança moderada que a Coreia do Norte pode transferir armas nucleares a mísseis balísticos, mas sua confiabilidade seria baixa", assegurou Lamborn, em referência a um relatório confidencial sobre o potencial risco nuclear da Coreia do Norte distribuído a membros do Governo e congressistas.

Enquanto o regime de Kim Jong-un afirmou que possui mísseis com capacidade nuclear, até hoje a maioria dos analistas e dos serviços de inteligência acredita que o regime carece dos avanços técnicos suficientes para reduzir o tamanho das ogivas até o ponto de poder instalá-las em projéteis.

Em todo o caso, o extremo hermetismo da Coreia do Norte torna impossível verificar com total segurança a capacidade atômica do militarizado Estado comunista.

Pyongyang fez até agora três testes nucleares subterrâneos, em 2006, 2009 e fevereiro deste ano, todos eles condenados pela comunidade internacional e objeto de sanções por parte do Conselho de Segurança da ONU.

DIÁLOGO

Em meio à crescente tensão na região, o governo da Coreia do Sul pediu ontem (11) que a Coreia do Norte retome rapidamente o diálogo com o país. "Pyongyang deve comparecer à mesa de negociações imediatamente", afirmou em entrevista coletiva o ministro sul-coreano da Unificação, Ryoo Kihl-jae.

O chamado ao diálogo tem como principal objetivo a retomada das operações do complexo industrial conjunto de Kaesong, fechado na terça-feira por decisão unilateral de Pyongyang.
Situado na Coreia do Norte, a poucos quilômetros da zona desmilitarizada que separa os países, o complexo é o único projeto intercoreano vigente, com 123 companhias da Coreia do Sul e 54 mil empregados norte-coreanos.

O ministro afirmou que a paralisação causa grandes prejuízos tanto às empresas da Coreia do Sul quanto aos operários da Coreia do Norte.

Também nesta quinta-feira, em Londres, os ministros das Relações Exteriores do G8 condenaram nos "termos mais enérgicos" o desenvolvimento das armas nucleares e de tecnologia de mísseis balísticos pela Coreia do Norte e pediram que o regime "cesse as provocações".

O G8 se declarou, em seu comunicado final, "profundamente preocupado" com o elevado número de mortos na Síria e condenou a "retórica agressiva" do regime de Pyongyang. "Isso só servirá para isolar ainda mais a Coreia do Norte", afirmou, que insistiu em seu objetivo de conseguir uma península coreana com "paz duradoura e uma desnuclearização verificável".


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