O jornal americano "New York Times" informou nesta quinta-feira que um relatório produzido pela inteligência do Pentágono chegou à inédita conclusão, "com moderada confiança", de que a Coreia do Norte tem tecnologia para usar armas nucleares em tamanhos compatíveis com mísseis balísticos.
Até então, sabia-se que o regime de Pyongyang tinha capacidade de produzir artefatos nucleares, mas não existia confirmação de que era capaz de lançá-los em mísseis.
O documento, de autoria da Agência de Inteligência de Defesa, foi distribuído aos altos escalões do governo e a membros do Congresso norte-americano. A agência foi um dos órgãos que argumentava com mais veemência que o regime de Saddam Hussein, no Iraque, detinha armas nucleares --o que depois não se mostrou verdade.
Segundo o jornal, há a ressalva de que a confiabilidade dessas armas deve ser baixa, dados os grandes desafios técnicos na produção adequada de ogivas nucleares que sobrevivam ao voo e detonem no alvo desejado.
A existência desse relatório foi divulgada pelo deputado republicano Doug Lamborn, que mencionou um resumo durante reunião do Congresso. Da reunião participavam ainda o secretário da Defesa dos EUA, Chuck Hagel, e o chefe do Estado-Maior, general Martin E. Dempsey.
O porta-voz do Pentágono George Little disse à agência de notícias Reuters que seria "impreciso" sugerir que a Coreia do Norte pode lançar um míssil nuclear. "Seria impreciso sugerir que o regime da Coreia do Norte testou, desenvolveu e demonstrou totalmente ter o tipo de capacidade nuclear a que se refere o relatório", afirmou.
Conforme a rede de TV americana CNN, fontes do governo americano e do Departamento da Defesa ainda afirmaram que o relatório revelado pelo deputado e obtido pelo "NYT" foi erroneamente classificado de "não secreto".
DIÁLOGO
Em meio à crescente tensão na região, o governo da Coreia do Sul pediu ontem que a Coreia do Norte retome rapidamente o diálogo com o país. "Pyongyang deve comparecer à mesa de negociações imediatamente", afirmou em entrevista coletiva o ministro sul-coreano da Unificação, Ryoo Kihl-jae.
O chamado ao diálogo tem como principal objetivo a retomada das operações do complexo industrial conjunto de Kaesong, fechado na terça-feira por decisão unilateral de Pyongyang.
Situado na Coreia do Norte, a poucos quilômetros da zona desmilitarizada que separa os países, o complexo é o único projeto intercoreano vigente, com 123 companhias da Coreia do Sul e 54 mil empregados norte-coreanos.
O ministro afirmou que a paralisação causa grandes prejuízos tanto às empresas da Coreia do Sul quanto aos operários da Coreia do Norte.
Também nesta quinta-feira, em Londres, os ministros das Relações Exteriores do G8 condenaram nos "termos mais enérgicos" o desenvolvimento das armas nucleares e de tecnologia de mísseis balísticos pela Coreia do Norte e pediram que o regime "cesse as provocações".
O G8 se declarou, em seu comunicado final, "profundamente preocupado" com o elevado número de mortos na Síria e condenou a "retórica agressiva" do regime de Pyongyang. "Isso só servirá para isolar ainda mais a Coreia do Norte", afirmou, que insistiu em seu objetivo de conseguir uma península coreana com "paz duradoura e uma desnuclearização verificável".