Folha de S. Paulo


Grupo sírio diz ser leal à Al Qaeda, mas nega relação com iraquianos

A Frente al Nusra, grupo radical da oposição síria, se disse nesta quarta-feira leal ao líder da rede terrorista Al Qaeda, Ayman al Zawahiri. No entanto, negou laços com o braço iraquiano do grupo terrorista, que disse na terça (9) que os dois grupos se fundiram.

Em gravação divulgadas em um fórum seguido por militantes radicais islâmicos, o chefe do grupo radical sírio, Abu Mohammed al Julani, afirma que o comunicado iraquiano foi feito sem consentimento da Frente al Nusra.

"Nós informamos que nem nosso comando, nem sua Shura [conselho consultivo], nem seu responsável geral estavam cientes deste anúncio. Eles souberam através dos meios de comunicação e, se o discurso é autêntico, não fomos consultados".

Julani diz que o movimento continuará leal a sua imagem construída e que não pretende se unir a nenhum grupo. Na terça (9), o líder Estado Islâmico do Iraque, Abu Bakr al-Baghdadi, disse que havia financiado células de combatentes da Frente al Nusra desde os primeiros dias da rebelião síria, há dois anos.

Em nota divulgada em sites islâmicos, ele declarou que os dois grupos passariam a operar conjuntamente sob o nome de Estado Islâmico do Iraque e do Levante. "Agora é hora de declarar diante do povo do Levante e do mundo que a Frente al Nusra não é senão uma extensão do Estado Islâmico do Iraque, e parte dele".

GRUPO RADICAL

A Frente al Nusra ficou conhecida no ano passado, quando começou a reivindicar a autoria de vários atentados a bomba em Damasco e Aleppo, as duas principais cidades da Síria. Desde então, o grupo ampliou suas operações para toda o país, recrutando combatentes e assumindo papel importante na captura de territórios.

O grupo, no entanto, era suspeito de associação direta à rede terrorista Al Qaeda e recebia o apoio de radicais islâmicos vindos do vizinho Iraque. O modo de ação, com atentados, também fez crescer a desconfiança em relação aos propósitos dos rebeldes.

A suspeita fez diversos países ocidentais optarem por não financiar as armas usadas pela oposição síria, pelo risco de o armamento cair em mãos erradas, como as da rede. Devido a seu modo de ação, a Frente al Nusra é considerada pelos Estados Unidos um grupo terrorista.


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