Folha de S. Paulo


Patriarca de cristãos do Egito critica Mursi por confrontos com islâmicos

O patriarca da Igreja Copta do Egito, Tawadros 2º, acusou nesta terça-feira o presidente Mohamed Mursi de negligência por não ter evitado os confrontos entre cristãos e islâmicos no domingo (7), que deixaram três mortos.

Os enfrentamentos aconteceram em frente à catedral de são Marcos, no centro do Cairo, após o funeral de quatro cristãos que morreram em outra série de confrontos no bairro de Khusus, ao norte da capital egípcia, mortos na noite de sexta (5). O motivo da briga de Khusus ainda é desconhecido.

Em entrevista ao canal privado ONTV, o religioso lembrou que o islâmico Mursi havia prometido proteção à catedral, mas não conseguiu evitar os confrontos. Em alguns momentos, a polícia atirou bombas de gás lacrimogêneo contra o prédio, que tinha milhares de fiéis.

"Isto reflete negligência e uma falta de avaliação dos acontecimentos. É um ataque flagrante contra um símbolo nacional, a Igreja do Egito, de uma gravidade sem precedentes em 2000 anos de história da cristandade no Egito".

Horas após o incidente, Mursi ligou para o patriarca e disse que considerava qualquer ataque contra a Igreja como "um ataque pessoal". Os confrontos que acontecem desde sexta foram os mais graves enfrentamentos religiosos desde que Mursi assumiu o poder, em junho do ano passado.

Os confrontos entre cristãos e muçulmanos no Egito não tomaram a mesma proporção que os entre opositores liberais e os aliados islâmicos do presidente, mas aumentaram após a queda de Hosni Mubarak (1980-2011).

Desde o fim do governo ditatorial, os cristãos reclamam de ataques feitos por grupos radicais islâmicos e do aumento das restrições na lei para construir uma igreja, que são mais duras que as para abrir uma mesquita.


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