Folha de S. Paulo


Rússia diz que G8 condena retórica belicista da Coreia do Norte

O governo da Rússia informou nesta terça-feira que os países do G8 concordam em condenar a retórica belicista da Coreia do Norte e pediu que o país comunista, junto com Estados Unidos e Coreia do Sul, busquem uma solução diplomática para diminuir a tensão na península coreana.

Pyongyang começou a aumentar o tom contra Seul e Washington em março, após as sanções da ONU contra um teste nuclear do regime de Kim Jong-un, em fevereiro. No mesmo período, Coreia do Sul e Estados Unidos realizaram exercícios militares na região, encarados como uma provocação pelo país comunista.

A mensagem é divulgada na véspera do início da reunião dos oito países, em Londres. O grupo é composto por Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Japão, Canadá e Rússia. Segundo o porta-voz da Chancelaria russa, Alexander Lukashevich, Moscou compartilha da preocupação dos integrantes do bloco.

"Nós estamos em solidariedade com eles no que diz respeito à rejeição à atual linha de conduta provocativa e belicosa de Pyongyang", disse Lukashevich em entrevista à agência de notícias estatal RIA, que foi publicada no site do ministério.

"Ao mesmo tempo, não devemos renunciar aos esforços políticos e diplomáticos, uma vez que qualquer alternativa traz a ameaça de reviravolta profunda no nordeste da Ásia", acrescentou.

O secretário-geral da ONU, o sul-coreano Ban Ki-moon, disse que as ameaças da Coreia do Norte podem fazer a tensão na Ásia sair do controle. "O nível atual de tensão é muito perigoso. Um pequeno incidente causado por um erro de cálculo ou julgamento pode criar uma situação incontrolável".

Nesta terça, o regime de Kim Jong-un recomendou aos estrangeiros que moram na vizinha Coreia do Sul que considerem sair do país, devido "à ameaça de uma guerra nuclear", dizendo que os estrangeiros correm risco em caso de conflito.

Em nota divulgada pela agência de notícias estatal KCNA, a Coreia do Norte diz não desejar que os estrangeiros que estão no lado capitalista da península fiquem feridos. Na sexta (5), Pyongyang recomendou a retirada dos corpos diplomáticos que estão no país até o dia 10, afirmando que não garantirão proteção das delegações.

A maioria dos países, como Reino Unido, Rússia, Alemanha e Brasil, disse que ficaria na Coreia do Norte por enquanto e exigiram que o regime comunista garanta a segurança dos diplomatas, como dita a Convenção de Viena.

MÍSSEIS

Segundo a Coreia do Sul, o país comunista prepara um novo teste de mísseis de longo alcance no Pacífico para os próximos dias. A ação acontece na mesma época em que se comemora o nascimento de Kim Il-sung, fundador do regime comunista e avô do atual ditador, que será na próxima segunda (15).

Devido à ameaça, o Japão posicionou nesta terça uma bateria de mísseis Patriot no centro de Tóquio para enfrentar qualquer disparo que ameace o país. Outras baterias antimísseis também serão instaladas na ilha de Okinawa (sul).

Caso se confirmem as informações sul-coreanas de que será usado um foguete de 4.000 km de alcance, este poderia atingir o arquipélago japonês, a Coreia do Sul ou a ilha americana de Guam, onde Washington reforçou a segurança com uma bateria de mísseis de interceptação.


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