Folha de S. Paulo


Opositor Tony Blair diz que Margaret Thatcher causou impacto global

O ex-primeiro-ministro trabalhista Tony Blair disse nesta segunda-feira que a chefe de governo Margaret Thatcher era uma figura política imponente, que teve um vasto impacto global. Ela morreu na manhã de hoje após um acidente vascular cerebral.

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Para o adversário político, a "Dama de Ferro" era "uma verdadeira líder". "São muito poucos os líderes que conseguem mudar não só o panorama político de seu país, mas do mundo inteiro", disse o ex-chefe de governo, em comunicado.

Blair afirmou que algumas das mudanças feitas por Thatcher foram mantidas em seu período de governo, de maio de 1997 a julho de 2007. Também elogiou a personalidade da premiê, que, segundo o trabalhista, se mostrou "incrivelmente disposta" a ajudá-lo durante seu mandato.

"Inclusive se discordava dela em certos aspectos, em alguns casos fortemente, não poderia deixar de respeitar sua personalidade e sua contribuição à nação britânica. Sentiremos saudade com tristeza".

O líder do Partido Trabalhista, Ed Miliband, também defendeu a figura da adversária política e enviou suas condolências aos filhos de Thatcher, Mark e Carol. "Ela remodelou as políticas de toda uma geração, mudou o centro da política britânica e foi uma figura enorme a nível mundial".

O trabalhista disse ter discordado muito do que ela defendia e que a primeira-ministra será sempre uma figura controversa, mas considerou que é possível discordar e respeitar as conquistas políticas da adversária.

DAMA DE FERRO

A primeira-ministra nasceu como Margaret Roberts em Lincolnshire, a 227 km de Londres, em 13 de outubro de 1925. Ela incorporou o sobrenome com o qual ficou conhecida em 1951, após se casar com o empresário Denis Thatcher.

Ela se candidatou pela primeira vez ao Parlamento em 1950, mas só se transformou em deputada em 1959, quando se elegeu pelo Partido Conservador. Seu primeiro cargo no governo britânico veio em 1970, quando se tornou secretária de Educação do governo de Ted Heath.

Em 1975, derrotou seu antigo chefe na disputa pela liderança do Partido Conservador, à época na oposição. Quatro anos depois, se elegeu primeira-ministra, cargo com o qual ficou até 1990. Ela foi reeleita em outras duas eleições, em 1983 e 1987.

Foi uma das primeiras defensoras do neoliberalismo e promoveu em seu mandato reformas para diminuir o tamanho do Estado britânico. Dentre elas, fez a desregulamentação do setor financeiro, a flexibilização do mercado de trabalho e a privatização das empresas estatais.

As políticas marcaram tendência nas décadas de 1980 e 1990 e foram incorporadas por diversos países, incluindo o Brasil, como remédio para fortes crises econômicas.

Na política externa, atuou em forte coordenação com o presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan e fez duras críticas à antiga União Soviética, que viria a acabar em 1991.

Além disso, impulsionou as tropas britânicas que combateram contra a Argentina na Guerra das Malvinas, em 1982, e defendeu as ações do ex-ditador do Chile, Augusto Pinochet, que deixou o poder no mesmo ano que ela.

A Dama de Ferro não falava em público desde 2002, quando foi desaconselhada por médicos a se apresentar diante de grandes audiências após uma série de pequenos derrames, que deixaram como sequela confusões ocasionais e perdas de memória.


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