Folha de S. Paulo


Confrontos após enterros de cristãos ferem pelo menos 20 no Egito

Pelo menos 17 pessoas ficaram feridas neste domingo em confrontos no Cairo entre cristãos e muçulmanos. A briga aconteceu após o enterro de quatro cristãos que foram mortos por muçulmanos no bairro de Khusus, na periferia da capital do Egito.

As mortes ocorreram na noite de sexta (5), após intenso tiroteio entre os dois grupos religiosos. Um islâmico morreu na ação. As causas do confronto ainda são desconhecidas, mas a polícia trabalha com a hipótese de desenhos da cruz em um instituto islâmico terem provocado o incidente.

Segundo a agência de notícias Mena, centenas de cristãos coptas (vertente da Igreja Ortodoxa no país) foram ao funeral, que foi organizado na catedral de são Marcos, no bairro de Abassiya, no centro da capital. Após a cerimônia, eles saíram em protesto contra o presidente Mohamed Mursi.

Testemunhas dizem que grupo de manifestantes mais exaltado atirou pedras contra a polícia e quebrou cinco carros particulares e incendiaram mais dois, gerando irritação de muçulmanos que moram no bairro, que também lançaram pedras.

Com a reação dos vizinhos da catedral, os cristãos tiveram que ficar dentro do templo a espera que os ânimos se acalmassem. Além dos confrontos, foram ouvidas explosões na região. A polícia teve que isolar o templo para evitar que mais pessoas ficassem feridas.

O conflito acontece horas depois de Mursi, que é vinculado ao grupo islâmico Irmandade Muçulmana, condenar a morte dos quatro cristãos na sexta (5) e prestar condolências aos mortos na ação.

Os confrontos sectários entre cristãos e muçulmanos no Egito não tomaram a mesma proporção que os entre opositores liberais e os aliados islâmicos do presidente, mas aumentaram após o fim do regime de Hosni Mubarak (1980-2011).

Desde a queda do ditador, os cristãos reclamam de ataques feitos por grupos radicais islâmicos e do aumento das restrições na lei para construir uma igreja, que são mais duras que as para abrir uma mesquita.


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