Folha de S. Paulo


Casa de diplomata iraniano no Egito é atacada por grupo radical islâmico

Um grupo de 40 islamistas radicais salafistas no Egito atacaram e tentaram invadir nesta sexta-feira (5) a residência do diplomata iraniano no Cairo, Mojtaba Amani. O ataque foi feito em protesto às tentativas recentes do governo egípcio de estreitar laços com o Irã.

Outra motivação para o protesto foi a chegada, no início desta semana, de um grupo de turistas iranianos chegou no Egito a bordo do primeiro voo comercial entre os dois países nos últimos 30 anos.

Alguns dos manifestantes levantaram os próprios sapatos no ar --um sinal de desrespeito na região-- e derrubaram e pisaram na placa da porta do edifício oficial. Uma janela também foi quebrada após alguns manifestantes jogarem pedras. A polícia reagiu e impediu a invasão da residência.

Os turistas xiitas foram autorizados a visitar apenas alguns lugares, como templos e tumbas localizadas no sul do Egito. Eles foram impedidos de ir até o Cairo após protestos de por parte de alguns muçulmanos sunitas ultraconservadores. A preocupação era que a visita dos turistas a santuários na capital pudessem gerar violência. Os salafistas --muçulmanos sunitas ultraconservadores-- consideram os xiitas hereges.

ENTENDA

Alguns salafistas acusam o Irã de tentar espalhar suas práticas entre os muçulmanos sunitas.

O Irã e o Egito não possuem embaixadas nos países um do outro, mas possuem representações diplomáticas. As relações diplomáticas entre os dois países foram congeladas após o Egito assinar em 1979 um tratado de paz com Israel e após a Revolução Islâmica no Irã.

Alguns protestantes culpam o atual presidente do Egito, Mohamed Mursi, pela retomada da relação com o Irã. Mursi foi eleito após o ditador Hosni Mubark ser deposto por uma revolta popular há dois anos. A revolta abriu o caminho para a primeira eleição presidencial livre no país, em junho do ano passado.

Após sua eleição, Mursi visitou o Teerã --a primeira visita de um líder egípcio ao Irã, em mais de 30 anos. Meses depois, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, visitou o Cairo para participar de uma conferência de nações islâmicas.


Endereço da página:

Links no texto: