Folha de S. Paulo


Acusado de crise em banco, ministro das Finanças de Chipre renuncia

O ministro das Finanças de Chipre, Michalis Sarris, renunciou nesta terça-feira, em meio às investigações sobre sua atuação no Laiki Bank, dissolvido após o resgate financeiro do país. Ele é acusado de provocar a crise quando fazia parte da diretoria da instituição.

O banco era o segundo maior do país e foi incorporado pelo primeiro, o Banco de Chipre, na reestruturação pedida pelos credores internacionais para conceder o socorro de € 10 bilhões (R$ 26 bilhões). Os clientes com depósitos de mais de € 100 mil podem perder mais de 60% do valor investido com o confisco do governo.

Em entrevista, o ministro disse que renunciou para facilitar as investigações sobre os motivos que levaram o banco à crise financeira.

O governo informou que o presidente Nicos Anastasiades aceitou a demissão, após receber a carta de renúncia nesta manhã. O substituto será Haris Georgiades, atual ministro do Trabalho.

Sarris foi o responsável pela negociação do resgate com os credores internacionais --União Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e FMI (Fundo Monetário Internacional). Ele também pediu o aumento do prazo do empréstimo de € 2,5 bilhões (R$ 6,5 bilhões) com a Rússia.

O anúncio da renúncia foi feito após um relaxamento parcial dos controles financeiros do governo sobre os depósitos, que estavam restritos desde o fim do feriado bancário, na última quinta (28). A partir de hoje, as transações financeiras maiores que € 5.000 (R$ 13 mil) não precisarão de autorização do banco central.

O país ainda havia restringido os saques a um limite diário de € 300 (R$ 774) por cliente e o teto de € 5.000 mensais para compras no exterior. Quem viajar para fora da ilha não poderia levar mais que € 3.000 (R$ 7,74 mil). O uso de cartões de débito e crédito também foi controlado.

ESCÂNDALO

Não é a primeira vez que um dos integrantes do governo de Chipre é acusado de participação na crise bancária.

No domingo (31), o jornal "Haravgi", ligado à oposição, havia acusado familiares do presidente Nicos Anastasiades de fazer uma transferência de € 21 milhões (R$ 54,6 milhões) do Laiki Bank.

A transação teria ocorrido poucos dias antes do anúncio do resgate financeiro, em 16 de março. Na segunda (1º), o presidente negou que a transferência tenha sido feita.


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