Folha de S. Paulo


Khaled Meshaal é reeleito no comando do Hamas

O movimento radical islâmico Hamas anunciou nesta segunda-feira a reeleição do chefe do grupo, Khaled Meshaal, encerrando as eleições internas que duraram mais de um ano. A informação foi confirmada sob anonimato por duas autoridades da facção.

Meshaal, de 56 anos, é um político veterano e tem fortes laços com potências regionais como Qatar, Turquia e Egito. Exilado no Qatar, comanda o grupo desde 1996 e era considerado favorito para um novo mandato de quatro anos. Segundo os representantes do movimento, Meshaal não teve oposição e contou com a maioria dos votos do Conselho da Shura, responsável pelas decisões do grupo. Eles falaram sob anonimato, já que não têm autorização para comentar o processo eleitoral.

A reeleição de Meshaal pode reativar os esforços de reconciliação entre o Hamas e seu rival político apoiado pelo Ocidente, o presidente da Autoridade Palestina e líder do Fatah, Mahmoud Abbas. O Hamas tomou do Fatah o controle da Faixa de Gaza em 2007, obrigando Abbas a formar o seu governo na Cisjordânia. Cada grupo palestino se isolou em seu território, dificultando os esforços de reconciliação.

Meshaal defende a reaproximação dos partidos, mas não conta com o apoio da ala mais radical do Hamas. No ano passado, ele conseguiu um acordo garantindo que Abbas comandasse um governo interino nos territórios palestinos, abrindo caminho para eleições gerais. Porém, o pacto numa foi colocado em prática por causa da oposição de lideranças dos dois partidos.

Na semana passada, o emir do Qatar, o xeique Hamad bin Khalifa al-Thani, propôs a realização de uma conferência no Egito para a reconciliação palestina, estabelecendo um cronograma para a formação de um governo interino e a realização de novas eleições.

Questionado sobre a sua participação, Abbas deu sinais ambivalentes. Afirmou que participaria se fosse convidado, mas que esse tipo de esforço seria desnecessário, já que não existiriam problemas para serem discutidos.

A eleição interna, que é secreta, começou há mais de um ano. Realizada em diversos países, enfrentou problemas logísticos, incluindo dificuldades para a votação nas áreas da Cisjordânia controladas pelo governo israelense --que, além de Estados Unidos e Europa, considera o Hamas uma organização terrorista.

Líderes do grupo islâmico, incluindo Meshaal, se recusam a reconhecer o Estado de Israel e abandonar a violência, condições estabelecidas pelo Ocidente para acabar com o boicote ao Hamas.

O líder reeleito deve ser auxiliado por dois adjuntos: o primeiro-ministro do governo do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, e o número dois do movimento, Moussa Abu Marzuk. O primeiro será a autoridade do Hamas em Gaza, e o segundo será encarregado do movimento no exílio.

No ano passado, Meshaal havia manifestado a sua intenção de deixar o posto, mas o movimento pediu sua permanência durante o momento de incerteza e de transformações regionais. A situação no Oriente Médio, após as revoluções árabes, "levou o Hamas a escolher Meshaal, que deu um rosto internacional ao movimento e mantém boas relações com o mundo árabe", explicou uma autoridade do Hamas.


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