Folha de S. Paulo


Chanceler de Chipre diz que controles serão suspensos em um mês

O chanceler de Chipre, Ioannis Kasoulides, disse que espera suspender completamente o regime de controle de capitais imposto sobre os bancos da ilha em "cerca de um mês".

Nesta quinta-feira, as agências bancárias do país reabriram após passarem 12 dias fechadas por causa de medidas que tiveram de ser adotadas em troca de um pacote financeiro por parte da União Europeia (UE), para evitar a falência do país. No entanto, elas operam sob fortes restrições, como um limite diário para saques por cliente, por banco, de € 300 (R$ 774).

Fora isso, toda operação com valores acima de € 5.000 (R$ 12,9 mil) será analisada. Para compras no exterior ou transferências, o teto será de € 5.000 mensais. Quem viajar para fora da ilha não poderá levar mais que € 3.000 (R$ 7,74 mil). Apenas o uso de cartões de crédito não sofre restrições.

"Uma série de restrições serão suspensas e, gradualmente, provavelmente durante um período de cerca de um mês, de acordo com as estimativas do Banco Central, as restrições serão completamente suspensas", disse Kasoulides a jornalistas.

Também nesta quinta, a Comissão Europeia informou que apoia os controles de capital, mas que eles não devem permanecer em vigor por muito tempo, destacando que vai monitorar a necessidade de revê-los ou prolongá-los. "A Comissão irá insistir para que qualquer medida restritiva seja estritamente adequada e estritamente limitada no que diz respeito à duração."

O governo disse inicialmente que os controles continuariam funcionando pelos próximos quatro dias, sujeitos a revisão.

Em meio à crise, o presidente cipriota, Nicos Anastasiadis, anunciou que reduziu o salário em 25% e que integrantes do governo também perderão 20% de seus pagamentos.

REABERTURA

Os clientes dos dois principais bancos do país, o Banco de Chipre e o Laiki, podem sacar no máximo € 120 e € 100 euros por dia, respectivamente. Depósitos feitos nessas duas instituições de valores superiores a € 100 mil (R$ 258 mil) estão congelados e deverão ser parcialmente confiscados. O Laiki será liquidado, e o Banco de Chipre passará por uma reestruturação.

Nesta quinta, agências das duas redes registraram filas de dez a 30 pessoas, antes mesmo da sua abertura.

Foram muitas as perguntas que serão respondidas pelos funcionários ao longo do dia, como, por exemplo, a de Maria, uma mulher que queria saber como poderia pagar seu aluguel de € 1.300 euros se pode sacar apenas € 300 por dia.

Eduardos, um imigrante grego residente no Chipre há três anos e desempregado há um, que tinha ido ao Laiki para tentar retirar as economias, o que não pôde fazer devido às restrições impostas. Durante o fechamento bancário, seu cartão de débito não funcionava, por isso, se viu obrigado a vender seu veículo por € 700, para ter algum valor em mãos.

"Minha mulher é a única que trabalha, mas ganha em cheques e não podemos sacá-los. Agora, com o dinheiro do carro, comprei a passagem de volta à Grécia", lamentava, enquanto segurava a filha de dois anos.

PACOTE

Parte das medidas está nos termos com que Chipre terá de cumprir em troca do pacote de resgate, que tem valor de € 10 bilhões (R$ 26 bilhões).

Para analistas, os termos do acerto fechado pela União Europeia, BC europeu e FMI com Chipre abre caminho para outras exceções casuísticas dentro da zona do euro.

A bolsa de valores de Chipre permanece fechada.


Endereço da página:

Links no texto: