Folha de S. Paulo


Assad pede ajuda aos Brics para acabar com guerra civil na Síria

O ditador da Síria, Bashar Assad, pediu nesta quarta-feira ajuda aos Brics para acabar com a crise causada pelos confrontos com a oposição na Síria. Em resposta, os cinco países emergentes pediram o fim da violência aos dois lados do conflito.

O grupo é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Moscou e Pequim são contrários à queda de Assad e vetaram três resoluções da ONU (Organização das Nações Unidas) contra o regime sírio, enquanto os outros três integrantes não demonstraram apoio a nenhum dos lados.

Segundo a agência de notícias Sana, Assad enviou a carta a seu colega sul-africano, Jacob Zuma, que é o anfitrião da cúpula de Durban. Na nota, o ditador reconheceu o peso "político, econômico e cultural" e pediu "todo o esforço possível para pôr fim ao sofrimento do povo sírio".

O mandatário atribui a crise humanitária às sanções econômicas impostas por diferentes países, em especial Estados Unidos e União Europeia, que considera uma violação às leis internacionais. Ele também pediu ajuda para acabar com o financiamento e entrega de armas aos rebeldes, chamados por ele de terroristas.

Após o carta de Assad, a cúpula de chefes de Estado colocou a crise síria em pauta. Em comunicado, os Brics mostraram preocupação com a militarização da crise na Síria e chamaram ao diálogo os dois lados da crise política.

No entanto, não houve menção a medidas efetivas de ajudas para solucionar a crise no país árabe. Segundo a ONU, mais de 70 mil pessoas morreram na Síria em dois anos de conflito entre as tropas de Bashar Assad e a oposição. Outros 2 milhões foram deslocados internamente e 1 milhão buscaram refúgio em países vizinhos.

LIGA ÁRABE

Nesta quarta, o regime sírio criticou a decisão da Liga Árabe de colocar a oposição como representante do país dentro do órgão. Damasco considerou a resolução uma "violação flagrante que abre um precedente perigoso e destrutivo ao dar apoio ao terrorismo".

Para o governo de Assad, a entidade perdeu sua credibilidade e passou a ser parte da crise na Síria, a partir da defesa do direito de armar os rebeldes "O trabalho irresponsável da Liga Árabe levou a dar o assento à Síria a uma parte ilegítima que desfraldou uma bandeira que não é a nacional síria", disse a nota.

O regime ainda acusou os integrantes da organização de ter se rendido ao Qatar, que financia diretamente os rebeldes sírios, com políticas que se opõem à história da organização para respaldar "um plano de Israel e dos países ocidentais que o apoiam".

Um dia após a participação na Liga Árabe, a oposição síria abriu sua primeira representação diplomática, em Doha, no Qatar, primeiro país a apoiar os rebeldes. A abertura contou com a presença do ex-premiê opositor, Mouaz al Khatib, e de diplomatas árabes e ocidentais.


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