Folha de S. Paulo


Chipre deve reabrir bancos na quinta, mas com limites a transações

O Banco Central do Chipre anunciou nesta quarta-feira que provavelmente reabrirá os bancos do país na quinta (28), após 13 dias de feriado. No entanto, o governo local deverá restringir transações financeiras para evitar a fuga de capitais.

Na segunda (25), o país determinou o confisco de todos os depósitos maiores que € 100 mil (R$ 260 mil) para conseguir fazer a economia de € 5,8 bilhões (R$ 15 bilhões) exigida pelos credores internacionais para receber um resgate de € 10 bilhões (R$ 26 bilhões).

Devido às negociações sobre o socorro financeiro, o governo cipriota decretou o feriado bancário e limitou os saques nos caixas eletrônicos a € 100 (R$ 260) diários. O risco de taxação e confisco provocou uma corrida aos bancos para tentar retirar o dinheiro e evitar a perda dos recursos.

Em entrevista coletiva, o porta-voz do Banco Central do país, Aliki Stylianou, disse que "todas as indicações vão em direção a uma reabertura dos bancos na quinta-feira". Na terça, as autoridades cipriotas afirmaram fazer "esforços supra-humanos" para permitir a reabertura dos bancos.

O representante, no entanto, não informou sobre as condições em que ocorrerá a reabertura dos bancos. No entanto, fontes do banco central cipriota ouvidas pela agência de notícias Associated Press e os jornais gregos "Phileleftheros" e "Katherimini" dizem que deverá haver restrições aos saques.

Segundo a imprensa, o país emitiu um decreto válido por sete dias que limita pagamentos, transferências e saques nos bancos cipriotas. Os pagamentos e as transferências ao exterior serão restritos a € 5.000 (R$ 13 mil) por mês e os saques para viagens internacionais não poderão passar de € 3.000 (R$ 7.800).

As fontes também informaram que os depósitos com prazo fixo não poderão ser retirados antes da data determinada na primeira etapa do plano de reestruturação bancária. Para realizar as transações ao exterior, as empresas e investidores terão que informar a razão das operações financeiras.

Outro ponto que poderá ser afetado é o comércio exterior. Para evitar a fuga de divisas, os importadores poderão ter que pagar para receber os produtos requisitados. As medidas estão em um rascunho do decreto, entregue à imprensa.

RESGATE

O resgate de € 10 bilhões (R$ 26 bilhões) foi concedido pela União Europeia, o Banco Central Europeu e o FMI (Fundo Monetário Internacional). Em troca, os credores pediram € 5,8 bilhões (R$ 15 bilhões) para entregar o dinheiro.

O confisco é a principal medida do acordo e será responsável por € 4,2 bilhões (R$ 10,9 bilhões) em recursos. Além do embargo aos depósitos, os credores também exigiram o fechamento do Laiki Bank, o segundo maior do país, que será incorporado ao Banco de Chipre, o maior.

A instituição passará por uma intervenção estatal, coordenada pelo economista Dinos Christofides, que foi indicado pelo Banco Central local. Devido à entrada do governo, a cúpula do banco pediu demissão, incluindo o presidente Andreas Artemis e o diretor executivo Yiannis Kypri.

Nesta quarta, a agência de notícias local CNA informou que a demissão de Kypri foi feita a pedido da troika (nome dado ao grupo de credores). Em meio à tensão sobre a data de abertura no Chipre, as filiais dos bancos cipriotas na vizinha Grécia funcionaram normalmente, mas com longas filas.

Os representantes do Banco de Chipre, do Laiki Bank e do Hellenic Bank na Grécia foram comprados na terça (26) pelo grego Banco do Pireo por € 524 milhões (R$ 1,36 bilhão).

A tensão no país vizinho provocou queda de 3,99% na bolsa de Atenas e no resto dos mercados europeus. A maior contração é a de Frankfurt (-1,15%), seguida por Madri (-1,13%), Paris (-0,99%), Milão (-0,92%) e Londres (-0,18%).


Endereço da página: