Folha de S. Paulo


UE diz que controle de capitais em Chipre durará "alguns dias"

A Comissão Europeia (braço executivo da União Europeia) disse nesta segunda-feira que o controle de capitais em Chipre será breve. A medida foi aprovada como parte da economia para o acordo sobre o resgate de € 10 bilhões (R$ 26 bilhões).

O governo cipriota e os credores internacionais --UE, Banco Central Europeu (BCE) e FMI (Fundo Monetário Internacional)-- concordaram em impor o confisco de todos os depósitos maiores que € 100 mil (R$ 260 mil) nos dois maiores bancos do país, o Banco de Chipre e o Laiki Bank.

Este último, um dos mais afetados pela crise, será fechado e os depósitos serão incorporados pelo primeiro. Os valores menores que € 100 mil estarão liberados para saque.

Em entrevista coletiva, o presidente da Comissão Europeia de Mercado Interno e Serviços, Michel Barnier, disse que o controle de capitais deverá durar "poucos dias".

"Qualquer medida para restringir ou limitar a liberdade de movimentos só devem ser aplicadas de forma excepcional ou temporária e foi esse o pedido às autoridades cipriotas. Estas restrições de movimentos que podem durar só alguns dias".

As declarações do integrante devem aumentar a pressão sobre o Chipre para reabrir os bancos, fechados desde o dia 15. A última data de reabertura prevista era esta terça (26), mas o governo cipriota fará uma reavaliação nesta segunda.

Desde a semana passada, os saques dos cipriotas estão limitados a € 100 (R$ 260) diários e há filas nos caixas eletrônicos. Os controles são contrários às leis do livre fluxo de capital da União Europeia, mas foram consideradas necessárias para manter a estabilidade financeira.

FUTURO

Mais cedo, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse que é difícil prever o futuro econômico da ilha do Mediterrâneo. "Confio que esse programa vá funcionar, mas preciso ser honesto. Até este momento, não podemos dizer exatamente que impacto ele terá".

Para Barroso, o modelo econômico não era viável e são necessárias novas formas de crescimento para que o país consiga aplicar o plano de resgate e consiga prosperar. Ele anunciou a criação de um grupo de trabalho para lidar com a recuperação cipriota.

Já o Banco Central de Chipre diz acreditar que o pacto permitirá formar um sistema bancário forte e sustentável, que permita estabilizar a economia do país e o crescimento econômico. A expectativa da instituição é que o confisco forneça € 4,2 bilhões dos € 5,8 bilhões exigidos pelos credores internacionais.


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