Folha de S. Paulo


Grupo rebelde curdo formaliza cessar-fogo em conflito na Turquia

O clandestino Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) anunciou oficialmente neste sábado o cessar-fogo com a Turquia após o apelo à paz que o líder preso da guerrilha, Abdullah Öcalan, fez na quinta-feira.

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A trégua foi convocada após 29 anos de confrontos entre tropas do país e os guerrilheiros que deixaram mais de 40 mil vítimas fatais. Só no ano passado, um dos mais sangrentos desde o início do conflito, 140 policiais e mais de 500 guerrilheiros morreram nos choques.

"Declaramos o cessar-fogo oficial e claramente a partir do dia 23 de março. Se o Parlamento e o governo (turcos) realizarem os trabalhos preparatórios para uma comissão, poderemos nos retirar (da Turquia)" anunciou Murat Karayilan, chefe militar da guerrilha, em um vídeo postado no site da agência pró-curdos "Firat".

Karayilan afirma em sua mensagem que, a menos que seus milicianos sejam atacados, o PKK não fará mais ataques, informa o jornal "Hurriyet Daily News".

Em uma carta lida em público na quinta-feira, Öcalan proclamou o fim da luta armada, dizendo que é hora de os milicianos se retirarem da Turquia.

Ocalan disse a seus seguidores que abandonem as armas e optem pela via democrática para negociar uma região autônoma. A mensagem foi lida ante milhares de pessoas em evento em Diyarbarkir, cidade que é considerada a capital dos curdos.

"O derramamento de sangue turco e curdo se deterá. Não serão as armas mas a política que falará. Este não é um tempo de guerra e luta, mas de alianças e compromissos", afirmou o líder.
O governo da Turquia considerou positivo o pedido feito pelo líder do partido.

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, pediu que se aplique a trégua e afirmou que todo o clima na Turquia e na região deverá mudar. "Acho que é uma chamada muito positiva, mas o mais importante é o alcance que terá e como será executado".

Estima-se que o PKK tenha atualmente cerca de 5.000 militantes, mais da metade deles situados em refúgios que a guerrilha possui nos montes Kandil, no nordeste do Iraque, onde Karayilan vive atualmente.


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