Folha de S. Paulo


CNBB faz crítica a judeus em boletim

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) fez uma crítica aos judeus por não aceitarem os "valores novos e mais plenos" do cristianismo em seu boletim diário distribuído por e-mail.

"Quando a gente não está com o coração aberto, não está disposto a acolher a palavra de Jesus, não querendo de fato assumir um compromisso de fé com Deus e com os irmãos, não buscando novos valores e não querendo uma constante mudança de vida para cada vez mais procurar uma união mais íntima e profunda com Deus, qualquer coisa torna-se motivo para a crítica e para a rejeição de Jesus", diz o texto da "Reflexão" que abre o boletim.

"Assim aconteceu com os judeus, que não quiseram abandonar antigos valores para viver valores novos e mais plenos, sempre procuraram motivos para dizer que eles estavam certos e Jesus estava errado", completa o texto.

Embora não esteja em contradição com o que diz o Novo Testamento sobre a aceitação de Jesus pelos hebreus, e não necessariamente seja uma crítica aos judeus de hoje, a colocação parece fora de sintonia com os esforços ecumênicos da Igreja Católica.

Desde o pontificado de João Paulo 2º (1978-2005), houve um esforço de aproximação entre a igreja e o judaísmo, sendo que o papa polonês foi o primeiro a rezar numa sinagoga, em 1986 em Roma.

A Folha procurou a CNBB para comentar o caso, mas sua assessoria de imprensa já estava fechada.

O ecumenismo também se estende a outras religiões, em especial o islamismo. João Paulo 2º também foi o primeiro pontífice a rezar numa mesquita, no ano de 2001 em Damasco.

Seu sucessor, Bento 16, teve mais dificuldades, sendo duramente censurado por ter lembrado em discurso as críticas de um imperador bizantino aos métodos de conversão "pela espada" de Maomé.

O novo papa, Francisco, por sua vez é o fundador de uma instituição dedicada ao diálogo interreligioso.


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