Folha de S. Paulo


Opositores invadem sedes da Irmandade Muçulmana em protesto no Egito

Manifestantes invadiram um escritório da Irmandade Muçulmana em Alexandria nesta sexta-feira. Foi o terceiro ataque a uma sede do partido nesta sexta.

O primeiro foi na cidade do Cairo. A sede do partido em Mahalla, no delta do Nilo, também foi incendiada nesta sexta-feira, de acordo com a agência oficial Mena.

Os manifestantes lançaram coquetéis molotov no edifício, segundo a agência.

Os ataques aconteceram enquanto pessoas apoiam o partido e opositores se enfrentavam próximo à sede do grupo no Cairo. A polícia jogou gás lacrimogêneo para separar os milhares de manifestantes que se enfrentavam na cidade.

Mais cedo, partidários da Irmandade Muçulmana haviam chegado à região de ônibus, e foram apedrejados pelos opositores.

Cerca de 40 pessoas ficaram feridas, de acordo com Khaled al-Khatib, funcionário do Ministério de Saúde, em entrevista à Mena.

Testemunhas viram os manifestantes entrarem no escritório em Alexandria e sair levando computadores, arquivos e outros objetos, próximo a uma região da cidade em que manifestantes exigiam a renúncia do presidente Mohamed Mursi, que é membro do partido.

Os escritórios do partido vêm sendo atacados desde dezembro do ano passado.

Em sua página na internet, a Irmandade Muçulmana denunciou as dezenas de "baltaguiya" (algo como bandidos) que tentaram invadir a sua sede, e lançaram pedras e garrafas vazias às forças de segurança que protegiam a região.

Os islamistas afirmaram que os "vândalos" depredaram a mesquita de Al Wad al Haq, a algumas quadras do edifício, e pararam táxis e outros veículos particulares para registrar seus ocupantes.

Vários partidos e grupos de oposição convocaram um protesto contra ataques a ativistas e jornalistas supostamente realizados por partidários da Irmandade Muçulmana.

Desde os levantes que derrubaram o regime do ditador Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011, a Irmandade Muçulmana surgiu como uma das maiores forças políticas no Egito.

Entretanto, partidários e opositores do presidente Mursi vêm se enfrentando desde o ano passado, após o presidente aumentar seus poderes através de um decreto e aprovar uma nova Constituição em que se restringem direitos e liberdades individuais.

No período, Mursi tem aumentado o poder da Irmandade Muçulmana, apesar de ter pedido diálogo à oposição, que negou a oferta. Os adversários políticos também boicotarão as eleições parlamentares, marcadas para abril.


Endereço da página:

Links no texto: