Folha de S. Paulo


Após ataque, Assad promete "limpar" Síria de extremistas

O ditador sírio, Bashar Assad, condenou o atentado suicida que matou um clérigo sunita pró-regime e pelo menos 42 outras pessoas em Damasco e se comprometeu a "limpar" o país dos extremistas, em uma mensagem divulgada na noite de quinta-feira.

"Dou os pêsames ao povo sírio pelo martírio do xeque Mohamad Said al-Buti, este grande personagem da Síria e do mundo islâmico", disse Assad.

"Eles o mataram acreditando que assim silenciavam a voz do islã e a fé no país (...), o mataram por ter elevado a voz contra suas ideias obscurantistas que querem destruir os princípios de nossa religião clemente", completa a mensagem.

Louai Bechara/AFP
O clérigo alauita Mohammad Said Ramadan al Buti, 84, aliado do ditador Bashar Assad, morto nesta quinta
O clérigo alauita Mohammad Said Ramadan al Buti, 84, aliado do ditador Bashar Assad, morto nesta quinta

"Juro ao povo sírio que teu sangue, o de teu neto e de todos os mártires da pátria não foram derramados em vão, porque seguiremos fiéis a tuas ideias, aniquilando o obscurantismo deles e sua incredulidade até que tenhamos limpado o país", completou Assad.

De acordo com a TV oficial síria, a explosão foi causada por "um terrorista suicida", maneira como o regime geralmente se refere aos integrantes das forças rebeldes que lutam, há dois anos, para depor o regime Assad.

De acordo com a versão do governo, o terrorista detonou a bomba dentro do templo, que estava lotado para a oração noturna. Segundo a agência oficial Sana, ao menos 84 pessoas ficaram feridas.

O discurso de Assad acontece logo depois que o Ministério de Saúde aumentou para 49 o número de mortos no ataque, depois que sete dos feridos morreram no hospital durante a noite.

As autoridades sírias decretaram luto na sexta-feira e no sábado no país.

O discurso de Assad acontece logo depois que o Ministério de Saúde aumentou para 49 o número de mortos no ataque, depois que sete dos feridos morreram no hospital durante a noite.

DIREITOS HUMANOS

O Conselho de Direitos Humanos da ONU decidiu nesta sexta-feira que uma comissão independente de juristas continuará investigando e documentando violações dos direitos humanos no conflito sírio, com o objetivo de que, no futuro, os responsáveis possam ser julgados.

O grupo, atualmente presidido pelo brasileiro Sergio Pinheiro, seguirá sendo responsável por acolher as denúncias sobre todos os abusos cometidos desde março de 2011, quando começou o conflito.

A resolução foi aprovada com 41 votos a favor, cinco abstenções e apenas um voto contrário, da Venezuela.

O conflito na Síria já se estende por mais de dois anos. Neste período, cerca de 70 mil pessoas foram mortas e mais de um milhão estão refugiadas em países vizinhos, segundo estimativas da ONU.


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