Folha de S. Paulo


Obama diz que tratamento de Israel a palestinos é 'injusto' e pede paz

Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, fez nesta quinta-feira seu esperado discurso para universitários israelenses, em Jerusalém. A programação oficial de sua visita ao país --a primeira como presidente-- indicava, desde o início, que seria o ponto alto de seu giro pela região.

Obama falou, no entanto, como quem procurava sanar a má impressão deixada por seu já famoso "discurso do Cairo", feito em 2009 como maneira de estender a mão aos países árabes.

A plateia israelense há tempos reclamava a visita que Obama não fez durante seu primeiro mandato, e recebeu bem o presidente dos EUA, interrompendo-o tanto para aplaudir que ele não chegava ao fim de suas frases sem ter de aumentar o tom de voz.

A mensagem principal do discurso era, como ele havia alertado ontem (20), a necessidade de haver um acordo de paz entre israelenses e palestinos.

Ele foi incisivo ao dizer que "não é justo que uma criança palestina cresça sem ter um Estado seu", e afirmando também que os "assentamentos [israelenses] são contraproducentes à causa da paz". "Nem a ocupação nem a expulsão são a resposta."

Obama dirigiu-se aos jovens diretamente, fazendo comparações entre eles e seus vizinhos palestinos, durante o discurso. "Ponham-se no lugar deles. Tentem enxergar através de seus olhos", disse.

Ele amenizou as críticas, porém, com saudações ao projeto sionista e com apoios reiterados ao Estado israelense. "Israel não vai a lugar nenhum", disse, pondo a plateia de pé para aplaudir.

Obama também foi interrompido por alguém na plateia que se pôs a gritar, antes de ser retirado da sala do centro de convenções. Não foi possível entender o conteúdo da reclamação. Rindo, Obama comentou ao público --"isso é parte do debate vivo de que nós falávamos".

PEDIDOS

Tanto em Israel quanto na Cisjordânia, Obama fez pedidos para que ambos os lados retomem as negociações de paz. Em Jerusalém, ele afirmou que Israel possui "verdadeiros parceiros" nos líderes palestinos Mahmoud Abbas e Salam Fayyad, respectivamente presidente e premiê da ANP (Autoridade Nacional Palestina), que controla a Cisjordânia.

Mais cedo, Obama esteve em Ramallah, na Cisjordânia, onde criticou o Estado judaico por estabelecer colônias que, segundo ele, "não são construtivas" para o processo de paz e afirmou que a chamada solução de dois Estados --ou seja, um Estado israelense e um palestino convivendo lado a lado-- ainda é possível.

Horas antes da visita à Cisjordânia, dois foguetes vindos de Gaza --controlada não pela ANP, mas pelo movimento radical islâmico Hamas-- caíram na cidade de Sderot, no sul de Israel, sem deixar feridos. A região não será visitada por Obama desta vez, mas o americano esteve na cidade em 2008, durante a campanha eleitoral para seu primeiro mandato.

Em comunicado, o primeiro-ministro de Gaza, Ismail Haniyeh, do Hamas, disse que não espera "nenhum resultado desta visita". "Não esperamos que Obama vá mudar a equação política no terreno. Não acreditamos que a política americana vá pôr fim à ocupação israelense".


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