Folha de S. Paulo


Após taxa ser rejeitada, Chipre negocia ajuda financeira com a Rússia

O governo do Chipre reforçou suas negociações com a Rússia após o Parlamento rejeitar a taxa sobre os depósitos bancários de todos os poupadores do país. A proposta foi feita pelos credores para conceder um resgate de € 10 bilhões (R$ 26 bilhões).

Anunciado no sábado (18), o imposto foi encarado pelo mercado como uma quebra no discurso da União Europeia e causou preocupação no mercado financeiro. As bolsas europeias registraram queda nos últimos dois dias, enquanto os cipriotas recorreram aos bancos para retirar o dinheiro guardado.

O ministro das Finanças do país, Michael Sarris, está em Moscou desde segunda (18) para explicar aos russos os efeitos da taxa nas contas dos cidadãos do país, que representam 20% da quantia guardada nos bancos cipriotas.

Com a reprovação do imposto, o governo cipriota concentrou seus esforços em um acordo financeiro que estenda o prazo de pagamento de um empréstimo de € 2,5 bilhões (R$ 6,5 bilhões) concedido em 2011, e a redução da taxa de juros para 4,5%.

Além disso, ainda espera conseguir um novo empréstimo de € 5 bilhões (R$ 13 bilhões). Nesta quarta-feira, Sarris se reuniu com o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, mas não conseguiu acordo. Após a visita, ele disse que ficará em Moscou o "tempo necessário" para tentar um consenso.

Moscou se irritou com a União Europeia por causa do imposto, que prejudica os cidadãos russos, em especial empresários que usam o sistema bancário da ilha para fazer transações em euros. A taxa foi proposta pelos credores do resgate --União Europeia, Banco Central Europeu e FMI (Fundo Monetário Internacional).

PLANO B

Diante da reprovação da medida pelo Parlamento, o governo cipriota disse nesta quarta que já trabalha em um plano B, para evitar que o país entre em falência.

O porta-voz do governo, Christos Stylianides, disse que a equipe econômica se reúne para encontrar uma solução para arrecadar os € 5,8 bilhões (R$ 15 bilhões) dentro do país. Enquanto não houver solução, os bancos continuarão fechados para evitar um maior número de saques, segundo o Banco Central.

Os cipriotas continuam a tentar retirar dinheiro, mesmo com a rejeição da medida no Parlamento, assim como seguem os protestos contra os credores e a chanceler alemã, Angela Merkel, cujo país é considerado o autor da ideia do imposto.

Nesta quarta, Merkel disse que a Alemanha quer uma solução para resolver o problema e que o governo cipriota apresente uma alternativa, mas disse que o setor bancário do país é insustentável. O presidente da França, François Holande, conversará com o mandatário cipriota, Nicos Anastasiades, sobre a crise.

A Igreja Ortodoxa Cipriota, que controla o terceiro maior banco do país, ofereceu ajuda ao governo para tentar solucionar a crise. "Todo o patrimônio da Igreja está à disposição do país, para que nós possamos nos sustentar com nossos pés e não com o dos estrangeiros", disse o arcebispo Chrysostomos.


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