As autoridades do Egito prenderam nesta terça-feira no Cairo Ahmad Gaddafi al Dam, primo do ditador da Líbia Muammar Gaddafi. Ele é acusado pelos líbios de crimes de guerra durante o regime e tinha uma ordem internacional de prisão emitida pela Interpol.
Segundo a agência de notícias estatal Mena, a casa de Dam no bairro de Zamalek capital egípcia foi cercada no fim da madrugada. Moradores da região dizem que houve disparos de ambos os lados, que começaram com o primo de Gaddafi disparando para o alto.
Durante o cerco, Dam deu uma entrevista a um canal de televisão privado dizendo que foi convidado pela junta militar que governava o Egito na época para continuar no país. Ele chamou as forças de segurança de uma gangue.
"Nós não somos terroristas para sermos vítimas de uma emboscada como essa. Nós vamos defender nossa casa até o final", disse.
Apesar dos tiros e da entrevista, a agência de notícias Mena diz que o primo de Gaddafi se entregou sem resistência. A previsão é que ele seja extraditado para Trípoli, onde responderá a processo por participação no governo ditatorial.
Dam controlava um escritório de coordenação entre Egito e Líbia, que funcionava sem relação direta com a embaixada líbia no Cairo. Apesar de sua proximidade com o regime, ele renunciou a seu cargo em 24 de fevereiro de 2011 por não concordar com a repressão do governo à revolta na Líbia, iniciada oito dias antes.
Na época em que foi acusado de envolvimento na violência policial, ele se justificou, dizendo que voltou ao Egito na semana anterior ao início dos protestos. No ano passado, a Promotoria da Líbia pediu ao Egito a extradição de 40 cidadãos líbios que teriam envolvimento na repressão à revolta.
Dentre eles, estão o ex-ministro das Relações Exteriores Ali al Treki e o chefe de inteligência militar Bouzeid al Jabou. A grande presença de líbios no Egito deve-se aos laços estreitos entre os ex-ditadores Hosni Mubarak e Muammar Gaddafi.
A prisão de Ahmad Gaddafi al Dam acontece dias após a visita do primeiro-ministro líbio, Ali Zidan, ao presidente do Egito, Mohamed Mursi.