Folha de S. Paulo


Série de atentados marca aniversário de dez anos da Guerra do Iraque

Uma nova série aparentemente coordenada de explosões acordou Bagdá e cercanias na manhã do aniversário de dez anos da Guerra do Iraque, hoje, matando pelo menos 52 pessoas e deixando 150 feridos, segundo a polícia local.

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Enquanto gravavam um vídeo para a "TV Folha", no topo do prédio do hotel Ishtar, os repórteres do jornal presenciaram a explosão de uma delas a cerca de dois quilômetros de distância. Ouviu-se um barulho muito forte, seguido de uma fumaça preta densa. Tudo aconteceu perto das 11h locais (5h de Brasília).

O local do ataque mais recente é a região em torno do hotel Al Mansur, um dos destinos preferidos de diplomatas, empresários e jornalistas estrangeiros em Bagdá. Próximo do prédio, está a sede da Prefeitura de Bagdá e vários outros edifícios governamentais.

Segundo apurou a Folha, duas outras explosões teriam acontecido próximas ou nos portões que fecham a chamada "Zona Verde", sede do governo iraquiano. Perto das 12h locais (6h de Brasília), todos os acessos àquela região tinham sido interrompidos pela polícia.

Outra explosão, num mercado popular da região de Al Baeaa, em Bagdá, aconteceu também perto das 12h e espalhava fumaça preta no céu da cidade.

Após registrar a explosão próxima do Al Mansur, a reportagem da Folha foi proibida de voltar a subir ao topo do prédio do hotel onde está hospedada e teve de mostrar sua autorização do governo para trabalhar no Iraque.

Já a informação da série de ataques, da agência de notícias oficial iraquiana Nina, foi confirmada pela Folha com os oficiais da polícia de Bagdá. Os ataques começaram perto das 8h locais (2h de Brasília) de hoje.

Vídeo

ALVO XIITA

Os locais atingidos são bairros ou cidades com predominância de população xiita, que compõem a maioria do país, o que leva a crer que tenham sido realizados por extremistas da minoria sunita influenciados pelo grupo terrorista Al Qaeda, que ganha nova força no Iraque.

Segundo os primeiros relatos, pelo menos dez foram mortos em Hilla, três horas em direção ao sul de Bagdá; quatro mortos e quatro feridos em Husseiniya, duas horas ao norte; três mortos e nove feridos numa explosão de carro-bomba em Mashtal, uma hora ao leste; quatro mortos e dez feridos em dois carros-bomba em Nova Bagdá e Khadimiya, próximas de Mashtal; dois mortos e dez feridos em Zafaraniya, uma hora a sudoeste; e seis mortos e feridos em Alexandria, uma hora e meia a oeste.

Ainda de acordo com as informações iniciais, uma série de duas explosões deixou 11 mortos e feridos em Sadr City, que até a queda de Bagdá, em abril de 2003, era chamada de Saddam City, uma das maiores concentrações de xiitas na periferia da capital iraquiana e área de influência do líder religioso Moqtada al Sadr, que, segundo pessoas próximas a ele, estaria hoje em exílio temporário e voluntário no Líbano.

Na província de Anbar, uma hora ao norte de Bagdá, quatro tiros de morteiro atingiram um ponto de checagem da polícia.

Antes da série de ataques de hoje, 130 civis iraquianos tinham sido mortos e outros 134 feridos desde a chegada da Folha a Bagdá, no dia 4 de março. São mais de 2.000 mortos e feridos apenas em 2013, que começa a ser um dos anos mais violentos no país desde a retirada das últimas tropas norte-americanas, no fim de 2011. As eleições municipais acontecem em menos de um mês.


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