Folha de S. Paulo


Ex-secretário diz que serão precisos "10 ou 20 anos" para avaliar guerra do Iraque

Serão necessários "dez ou vinte anos" para saber se a guerra do Iraque, lançada em 2003, foi um erro, disse neste domingo à rede de televisão CNN Robert Gates, ex-secretário de Defesa dos Estados Unidos e responsável pela pasta entre os anos de 2006 e 2011.

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"É muito cedo para dizer se foi um enorme erro estratégico que desestabilizou uma região inteira, principalmente reforçando o Irã, ou se foi a primeira vez que um regime autoritário caiu na região", afirmou o ex-chefe do Pentágono, nomeado pelo ex-presidente George W. Bush no fim de 2006, durante os dias mais sombrios da guerra do Iraque.

Jim Watson/AFP
O ex-secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, diz que ainda não se sabe se guerra no Iraque foi um erro
O ex-secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, diz que ainda não se sabe se guerra no Iraque foi um erro

"A verdade é que não saberemos a resposta para esta pergunta antes de dez ou vinte anos", acrescentou Gates, que dirigiu o Pentágono durante a presidência do republicano Bush e foi nomeado novamente pelo presidente democrata Barack Obama.

"Há uma série de coisas que podem demonstrar que se tratou de um erro. Principalmente se o Iraque começar a se desintegrar em razão de divisões sectárias e de uma influência crescente e significativa do Irã no Iraque e na região e de uma desestabilização regional", afirmou.

Já o ex-secretário adjunto de Defesa entre 2001 e 2005, o neoconservador Paul Wolfowitz, disse à CNN que "as coisas não começaram no dia 19 de março de 2003", data do início da guerra no Iraque.

Segundo ele, o ex-presidente do Iraque Saddam Hussein "brincou constantemente de esconde-esconde com os inspetores da ONU", que descobriram que havia reiniciado um importante programa de armas químicas.

"Levamos muito tempo para compreender que estávamos diante de uma insurreição", admitiu Wolfowitz, conhecido por ter sido um dos primeiros a defender um ataque ao Iraque e à Al-Qaeda no Afeganistão após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.


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