Folha de S. Paulo


Resgate ao Chipre impõe taxa e provoca corrida aos bancos

Os cipriotas receberam com incredulidade e raiva a notícia da decisão tomada neste sábado pelos ministros de Economia e Finanças da zona do euro de aplicar impostos a todos os depósitos privados da ilha mediterrânea em troca de um resgate financeiro de € 10 bilhões de euros.

O novo governo aceitou na madrugada deste sábado o pacote de medidas imposto pelos demais integrantes da eurozona, que, entre outras imposições, inclui um imposto extraordinário de 9,9% sobre os depósitos de mais de € 100 mil e de 6,75% para os inferiores a esse valor. Também está previsto um aumento do imposto de sociedades de 10% para 12,5%.

Essa notícia, divulgada entre a população já no começo da manhã, provocou primeiro o espanto dos cipriotas, que, com o passar das horas, se transformou em raiva e pânico.

O Parlamento pretende votar ainda neste domingo a criação da taxa inédita, antes do retorno das atividades bancárias na terça-feira. Segunda-feira é feriado no país.

O presidente cipriota Nicos Anastasiades retornará ao país ainda neste sábado e realizará uma reunião de emergência, no domingo, com seu gabinete.

CORRIDA

Nos bancos cooperativos locais, que costumam permanecer abertos também no sábado, desde o começo da manhã se formaram longas filas de clientes que gostariam de sacar seus depósitos.

Pouco depois, as cooperativas fecharam as portas, depois de uma decisão anunciada pelo diretor-geral do Banco Central das Cooperativas, Erotokritos Chlorakiotis, que informou que os bancos cooperativos ficarão fechados porque a decisão do Eurogrupo deveria ser aplicada imediatamente. "Tivemos que nos conformar com a decisão", disse Chlorakiotis.

Longas filas se formaram também nos caixas automáticos, com pessoas tentando sacar o máximo possível de suas contas --os sistemas, porém, só permitem a retirada de € 1.000 diários.

Depois do retorno do novo presidente do Chipre, o conservador Nikos Anastasiadis, está prevista para este sábado uma reunião extraordinária ministerial, antes de convocar uma sessão extraordinária do Parlamento cipriota para votar o pacote de medidas.

Segundo as estimativas do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, a taxa especial sobre os depósitos fornecerá cerca de € 5,8 bilhões.


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